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São Paulo, sábado, 26 de julho de 2003

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HABITAÇÃO

Desocupação pode ocorrer no fim de semana; mais 2 dos 4 imóveis invadidos na segunda-feira continuam ocupados

Justiça manda desocupar prédio na Ipiranga

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais um dos quatro imóveis invadidos por sem-teto na última segunda-feira pode ser desocupado neste fim de semana. Ontem, a Justiça concedeu ao proprietário Ricardo Nunez Perez a reintegração de posse do hotel Terminus, na avenida Ipiranga (centro).
A liminar, expedida pelo juiz Nilson Wilfred Ivanhoé, da 35ª Vara Cível, autoriza o uso da Polícia Militar na desocupação. Os sem-teto dizem que não irão sair.
"Vamos resistir e estamos preparados para isso", afirmou Edinalva Franca, coordenadora do Movimento dos Sem-Teto do Centro (MSTC). Segundo ela, cerca de 800 pessoas estão alojadas no imóvel. Entre eles, uma grávida de três meses, que, antes da invasão, morava em uma perua. "Pode uma grávida dormir em banco de carro? Não há condições de essas pessoas voltarem aos locais de onde vieram."
Os imóveis das ruas Mauá e Aurora também permanecem ocupados. O hotel Danúbio, na avenida Brigadeiro Luís Antônio, foi desocupado anteontem. Os invasores, porém, instalaram-se na frente da sede da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional Urbano), na zona oeste.

Acampamento
Até a noite de ontem, 415 pessoas (conforme levantamento do MSTC) continuavam acampadas no local, à espera de um novo alojamento.
Porém, de acordo com um cadastro realizado pela CDHU, há 218 pessoas no acampamento e, destas, apenas 72 estavam no hotel Danúbio. Segundo Valéria Barreto, superintendente de comunicação do órgão, o governo do Estado se comprometeu a fornecer abrigo emergencial apenas para os sem-teto que participaram da ocupação do hotel.
Ivaneti Araújo, coordenadora do movimento, diz que todos que estão no local estavam no Danúbio e que houve uma falha no cadastro feito pela CDHU.

Alimentação
A calçada diante da CDHU foi coberta por uma lona azul, sob a qual é preparada a comida, proveniente de doações. No almoço de ontem, foram feitos 30 kg de arroz, 25 kg de macarrão e 7 kg de feijão. "E não deu para todo mundo", disse Conceição Ferreira, 55, responsável pela "cozinha".
Com essa situação, quem está lucrando é a dona de um trailer de sanduíches que funciona ao lado da CDHU. "Eu geralmente ganho R$ 300 por dia. Ontem [quinta-feira], vendi R$ 500", conta Alda Maria Batista, 42. Ela não costuma trabalhar no fim de semana, mas pretende abrir o trailer hoje.


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