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Cidade cresce onde trânsito é o maior problema
Tráfego incomoda moradores de 9 dos 10 distritos que mais atraem mercado imobiliário
Kassab diz que tenta resolver problema com investimentos no transporte público e a criação de secretaria "focada no crescimento ordenado"
EVANDRO SPINELLI
MARIANA BARROS
DA REPORTAGEM LOCAL
Nove dos dez distritos que
mais atraíram a atenção do
mercado imobiliário desde a
aprovação do Plano Diretor
têm o trânsito como a maior reclamação dos moradores.
Vila Leopoldina, Vila Andrade, Vila Formosa, Mooca, Perdizes, Vila Mariana, Água Rasa,
Tatuapé, Ipiranga e Campo
Grande foram, nessa ordem, os
distritos que mais se verticalizaram nos últimos cinco anos.
Desses, só na Vila Formosa o
trânsito não é a maior reclamação, segundo a pesquisa DNA
Paulistano, feita no ano passado pelo Datafolha.
O Plano Diretor e suas leis
complementares foram aprovados entre 2002 e 2004 para
garantir o crescimento ordenado da cidade. Um dos instrumentos usados é o estoque de
potencial construtivo. Na prática, ele dá o limite de metros
quadrados que pode ser construídos em cada distrito.
A ideia era permitir o maior
adensamento nos locais que já
tinham infraestrutura -distritos com pouco transporte público teriam pouco estoque.
O que aconteceu, no entanto,
foi um aumento do tráfego em
locais que se julgava bem estruturados -mas não estavam.
Questionado, o prefeito Gilberto Kassab (DEM) disse que
a cidade cresceu desordenadamente. "Cresceu onde não tem
transporte público, onde não
tem metrô, onde não tem infraestrutura. Essas foram as
principais razões do crescimento desordenado da cidade
de SP que levaram a esse caos."
Kassab diz que procura resolver o problema. "Investimos
no transporte público e criamos uma secretaria para ter foco específico no crescimento
ordenado da cidade."
O Plano Diretor, em revisão
na Câmara Municipal, prevê o
adensamento ao longo das linhas de trem e metrô.
Os distritos onde se previa
maior adensamento eram, pela
ordem, Tatuapé, Brás, Perdizes, Pari e Saúde. O maior
adensamento, porém, foi na Vila Leopoldina, Vila Andrade e
Vila Formosa. E com estoques
baixos, Morumbi, Vila Guilherme e Jaguaré já não podem ter
novos empreendimentos.
Para João Crestana, presidente do Secovi (sindicato da
habitação), o cálculo dos estoques foi mal feito: levou-se em
conta o desempenho do mercado imobiliário na década de 90
-um dos piores da história.
O resultado, diz Crestana, é
que os lançamentos imobiliários migraram para a região
metropolitana. Segundo ele, a
capital concentrava, no início
da década, 80% dos empreendimentos. Hoje, a divisão é
quase meio a meio. "São Paulo
rejeitou o adensamento."
Os cálculos estão sendo refeitos: "Temos trabalhos que
refletirão as várias infraestruturas -viária, transportes, ambiental", disse o secretário de
Desenvolvimento Urbano, Miguel Bucalem. Ele ressalta que
esse cálculo não tem a função
de induzir o crescimento, mas
admite que estoques baixos podem inviabilizar o desenvolvimento de certas áreas.
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