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ESTADO
Segundo sindicato, 8 hospitais foram atingidos pela paralisação; secretaria e entidade divergem quanto ao prejuízo a pacientes
Greve na saúde começa com pouca adesão
DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"
Uma guerra de informação que
deve durar por tempo indeterminado e que já começou a vitimar
pacientes de todo o Estado foi iniciada ontem com a paralisação
dos funcionários estaduais da
área da saúde.
Na versão da Secretaria de Estado da Saúde, "houve paralisação
de apenas 1% do atendimento
médico por todo o Estado" e "não
houve prejuízo para a grande
maioria da população, que conseguiu ser atendida normalmente".
No balanço do Sindicato dos
Médicos do Estado de São Paulo,
que considera a adesão pequena
ainda, os pacientes foram prejudicados sobretudo por falta de funcionários administrativos.
"Sem os prontuários, não há como atender os pacientes, salvo em
casos em que a consulta é essencial, como em oncologia", disse
Otelo Chino Jr., diretor do sindicato dos médicos e secretário da
associação médica do Hospital do
Servidor Público do Estado
(HSPE). Ele estima que lá 50%
dos médicos tenham parado.
A diretora médica do HSPE,
Maria Angela de Souza Ferreira,
estimou que a greve tenha atingido menos de 10% dos 4.800 servidores, excluídos os mil médicos
que trabalham na instituição.
Segundo o Sindsaúde, que reúne os cerca de 90 mil trabalhadores estaduais da área da saúde, 12
mil não compareceram ontem ao
trabalho. Sônia Takeda, presidente do Sindsaúde, disse que entre
20% e 30% dos funcionários de
diferentes áreas da saúde estavam
parados. Segundo ela, manter os
serviços de urgência, atendimentos aos internados e cirurgias de
emergência exigem 70% do total
de funcionários, como prevê a lei.
Segundo os sindicalistas, oito
hospitais estaduais da Grande São
Paulo foram atingidos pela greve.
Além do HSPE, os sindicalistas citaram o Hospital Geral de Guaianazes -que atende 3.000 pessoas
por dia- e o Hospital Brigadeiro,
com capacidade para atender mil
pacientes por dia. No Estado todo, são 41 hospitais administrados diretamente pelo Estado,
além de laboratório e institutos.
Oito unidades básicas de saúde
onde ainda trabalham funcionários do Estado também tiveram as
atividades prejudicadas. O sindicato continua pedindo que se evite unidades do Estado.
A greve foi decidida na última
sexta-feira, depois de uma série de
negociações entre as duas partes.
Uma outra assembléia-balanço
está marcada para o dia 4, quando
os participantes avaliarão a continuidade ou não da greve, diante
de possíves propostas que o Estado fará. Como de outras greves, o
temor é que a paralisação se arraste, provocando um grande acúmulo de consultas ambulatoriais
e cirurgias não-eletivas.
Desencontro
O desencontro de informações
entre governo e servidores não se
limita ao número de adesões. A
Secretaria da Saúde distribuiu nota informando que o reajuste reivindicado pelos funcionários
-que corresponde a uma inflação de 24,17% de janeiro de 2001 a
maio de 2003- já foi pago para a
maioria das categorias em forma
de gratificações. Os enfermeiros,
por exemplo, teriam recebido
nesse período 36,09% e os auxiliares de serviço, 39,95%, segundo a
nota da Secretaria da Saúde.
Para Sônia Takeda, gratificações e prêmios não constituem o
salário-base, por isso o sindicato
está reivindicando os 24,17% de
reajuste para todos.
Os médicos, por sua vez, afirmam que recebem R$ 1.100 mensais por 20 horas semanais, incluindo todas as gratificações. A
categoria está pedindo R$ 3.100
como salário-base.
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