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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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ESTADO

Segundo sindicato, 8 hospitais foram atingidos pela paralisação; secretaria e entidade divergem quanto ao prejuízo a pacientes

Greve na saúde começa com pouca adesão

DA REPORTAGEM LOCAL
DO "AGORA"

Uma guerra de informação que deve durar por tempo indeterminado e que já começou a vitimar pacientes de todo o Estado foi iniciada ontem com a paralisação dos funcionários estaduais da área da saúde.
Na versão da Secretaria de Estado da Saúde, "houve paralisação de apenas 1% do atendimento médico por todo o Estado" e "não houve prejuízo para a grande maioria da população, que conseguiu ser atendida normalmente".
No balanço do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo, que considera a adesão pequena ainda, os pacientes foram prejudicados sobretudo por falta de funcionários administrativos.
"Sem os prontuários, não há como atender os pacientes, salvo em casos em que a consulta é essencial, como em oncologia", disse Otelo Chino Jr., diretor do sindicato dos médicos e secretário da associação médica do Hospital do Servidor Público do Estado (HSPE). Ele estima que lá 50% dos médicos tenham parado.
A diretora médica do HSPE, Maria Angela de Souza Ferreira, estimou que a greve tenha atingido menos de 10% dos 4.800 servidores, excluídos os mil médicos que trabalham na instituição.
Segundo o Sindsaúde, que reúne os cerca de 90 mil trabalhadores estaduais da área da saúde, 12 mil não compareceram ontem ao trabalho. Sônia Takeda, presidente do Sindsaúde, disse que entre 20% e 30% dos funcionários de diferentes áreas da saúde estavam parados. Segundo ela, manter os serviços de urgência, atendimentos aos internados e cirurgias de emergência exigem 70% do total de funcionários, como prevê a lei.
Segundo os sindicalistas, oito hospitais estaduais da Grande São Paulo foram atingidos pela greve. Além do HSPE, os sindicalistas citaram o Hospital Geral de Guaianazes -que atende 3.000 pessoas por dia- e o Hospital Brigadeiro, com capacidade para atender mil pacientes por dia. No Estado todo, são 41 hospitais administrados diretamente pelo Estado, além de laboratório e institutos. Oito unidades básicas de saúde onde ainda trabalham funcionários do Estado também tiveram as atividades prejudicadas. O sindicato continua pedindo que se evite unidades do Estado.
A greve foi decidida na última sexta-feira, depois de uma série de negociações entre as duas partes. Uma outra assembléia-balanço está marcada para o dia 4, quando os participantes avaliarão a continuidade ou não da greve, diante de possíves propostas que o Estado fará. Como de outras greves, o temor é que a paralisação se arraste, provocando um grande acúmulo de consultas ambulatoriais e cirurgias não-eletivas.

Desencontro
O desencontro de informações entre governo e servidores não se limita ao número de adesões. A Secretaria da Saúde distribuiu nota informando que o reajuste reivindicado pelos funcionários -que corresponde a uma inflação de 24,17% de janeiro de 2001 a maio de 2003- já foi pago para a maioria das categorias em forma de gratificações. Os enfermeiros, por exemplo, teriam recebido nesse período 36,09% e os auxiliares de serviço, 39,95%, segundo a nota da Secretaria da Saúde.
Para Sônia Takeda, gratificações e prêmios não constituem o salário-base, por isso o sindicato está reivindicando os 24,17% de reajuste para todos.
Os médicos, por sua vez, afirmam que recebem R$ 1.100 mensais por 20 horas semanais, incluindo todas as gratificações. A categoria está pedindo R$ 3.100 como salário-base.


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