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São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2003

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VIOLÊNCIA

Investigações de pessoas mortas por policiais aumentam de 132 para 212

Denúncias de civis mortos sobem 61%

DA REPORTAGEM LOCAL

O número de denúncias sobre morte de civis por policiais investigadas pela Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo aumentou 60,61% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
De abril a junho deste ano, foram 212 denúncias apuradas, no total de 271 pessoas mortas pela polícia no Estado de São Paulo -um caso pode apresentar várias vítimas. No mesmo período de 2002, a Ouvidoria investigou 132 denúncias, com 156 mortes.
A letalidade da polícia foi responsável por 27,6% das denúncias recebidas e investigadas pela Ouvidoria no segundo trimestre deste ano -em segundo lugar ficaram as infrações disciplinares, com 12,76% dos casos. No mesmo período do ano passado, o índice de homicídios cometidos por policiais era de 18,4%.
Na cidade de São Paulo, o aumento dos índices é ainda maior. Foram 111 denúncias sobre mortes de civis por policiais no segundo trimestre deste ano, no total de 138 vítimas. Esses números são 76% superiores aos registrados no mesmo período de 2002 -63 denúncias com 78 vítimas.
Os casos também são encaminhados às corregedorias das polícias Civil e Militar.
"A letalidade está longe de ser um fator que mostre a qualidade dos serviços da polícia", afirmou o ouvidor das polícias, Itajiba Farias Ferreira Cravo.
As estatísticas da Ouvidoria confirmam uma tendência verificada pelos dados oficiais da Secretaria Estadual da Segurança Pública e pelas informações das corregedorias das duas polícias.
Segundo dados da secretaria, 249 pessoas foram mortas pela polícia no segundo trimestre, 132,7% a mais do que no mesmo período de 2002. Esses números, diferentemente dos da Ouvidoria, só incluem casos de pessoas mortas em supostos confrontos e por policiais em serviço.
Pelos dados das corregedorias, também divulgados pela Ouvidoria paulista, só no mês de maio passado foram registradas 101 mortes de civis, um recorde mensal pelo menos desde 1998. Esses dados incluem casos envolvendo policiais fora de serviço.
Para o ouvidor, uma das causas de estatísticas preocupantes como essa é o distanciamento da polícia em relação à população. "Por que a população é ouvida sobre o impacto ambiental de algumas obras e não é ouvida sobre a política de segurança do local onde ela vive?", questionou.
Segundo Cravo, o Estado não dá oportunidade para a comunidade participar de discussões sobre melhorias a serem implantadas na área da segurança. "Não se sabe quais os critérios usados nas políticas de segurança", afirmou. (GILMAR PENTEADO)


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