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VIOLÊNCIA
Investigações de pessoas mortas por policiais aumentam de 132 para 212
Denúncias de civis mortos sobem 61%
DA REPORTAGEM LOCAL
O número de denúncias sobre
morte de civis por policiais investigadas pela Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo aumentou 60,61% no segundo trimestre deste ano em relação ao
mesmo período do ano passado.
De abril a junho deste ano, foram 212 denúncias apuradas, no
total de 271 pessoas mortas pela
polícia no Estado de São Paulo
-um caso pode apresentar várias vítimas. No mesmo período
de 2002, a Ouvidoria investigou
132 denúncias, com 156 mortes.
A letalidade da polícia foi responsável por 27,6% das denúncias recebidas e investigadas pela
Ouvidoria no segundo trimestre
deste ano -em segundo lugar ficaram as infrações disciplinares,
com 12,76% dos casos. No mesmo
período do ano passado, o índice
de homicídios cometidos por policiais era de 18,4%.
Na cidade de São Paulo, o aumento dos índices é ainda maior.
Foram 111 denúncias sobre mortes de civis por policiais no segundo trimestre deste ano, no total de
138 vítimas. Esses números são
76% superiores aos registrados no
mesmo período de 2002 -63 denúncias com 78 vítimas.
Os casos também são encaminhados às corregedorias das polícias Civil e Militar.
"A letalidade está longe de ser
um fator que mostre a qualidade
dos serviços da polícia", afirmou
o ouvidor das polícias, Itajiba Farias Ferreira Cravo.
As estatísticas da Ouvidoria
confirmam uma tendência verificada pelos dados oficiais da Secretaria Estadual da Segurança Pública e pelas informações das corregedorias das duas polícias.
Segundo dados da secretaria,
249 pessoas foram mortas pela
polícia no segundo trimestre,
132,7% a mais do que no mesmo
período de 2002. Esses números,
diferentemente dos da Ouvidoria,
só incluem casos de pessoas mortas em supostos confrontos e por
policiais em serviço.
Pelos dados das corregedorias,
também divulgados pela Ouvidoria paulista, só no mês de maio
passado foram registradas 101
mortes de civis, um recorde mensal pelo menos desde 1998. Esses
dados incluem casos envolvendo
policiais fora de serviço.
Para o ouvidor, uma das causas
de estatísticas preocupantes como essa é o distanciamento da
polícia em relação à população.
"Por que a população é ouvida sobre o impacto ambiental de algumas obras e não é ouvida sobre a
política de segurança do local onde ela vive?", questionou.
Segundo Cravo, o Estado não dá
oportunidade para a comunidade
participar de discussões sobre
melhorias a serem implantadas
na área da segurança. "Não se sabe quais os critérios usados nas
políticas de segurança", afirmou.
(GILMAR PENTEADO)
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