São Paulo, quinta-feira, 26 de agosto de 2004

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PRESÍDIO SEM LEI

Motim em prisão feminina durou 22 horas e teve 1 morte; alvo de detentas era mulher de inimigo do PCC

Após rebelião, Suzane Richthofen é transferida

AMARÍLIS LAGE
DA REPORTAGEM LOCAL

Após 22 horas de tensão, a rebelião na Penitenciária Feminina da Capital, em São Paulo, acabou na manhã de ontem, com a transferência de 12 detentas, entre elas Suzane Louise von Richthofen, presa após confessar o assassinato dos próprios pais. Também foi levada para outro presídio Aurinete Carlos Félix da Silva, a Netinha, apontada como o pivô do motim. Uma detenta foi morta.
Segundo Hédio Silva Jr., da Comissão de Direitos Humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), que participou das negociações, as presas receberam ordens para matar Netinha, mulher de Cesar Augusto Roris da Silva, o Cesinha, ex-líder da facção PCC (Primeiro Comando da Capital). O casal foi jurado de morte após romper com o PCC e criar o TCC (Terceiro Comando da Capital).
Com a retirada imediata de Netinha, começou a rebelião e 11 funcionárias foram feitas reféns. Para Silva Jr., a ordem para matá-la partiu de detentos da Penitenciária do Estado, que funciona no mesmo complexo. "Apesar de algumas mulheres serem vinculadas a facções criminosas, as prisões femininas não têm essa divisão. A ordem veio de fora."
A Secretaria de Administração Penitenciária informou, por meio de nota, que a rebelião começou com a tentativa de homicídio de duas detentas, mas não informou nomes nem para onde foram transferidas. Helena Maria da Silva, da Pastoral Carcerária, confirmou que o alvo era Netinha. "Quando ela chegou à unidade, as outras não aceitaram."
Suzane Richthofen também foi transferida por questão de segurança. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária, ela não foi feita refém. O órgão não informou, porém, o que aconteceu com ela durante a rebelião.
Segundo Silva Jr., a versão dada pelas detentas é que ela foi trancada na enfermaria por uma funcionária, onde permaneceu a salvo.
Após o fim da rebelião, a tropa de choque entrou na unidade para ajudar as funcionárias na revista das detentas. Nenhuma refém foi ferida. A penitenciária tem 410 vagas e abrigava 664 detentas.


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