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CRESCIMENTO SUSTENTADO
Projeção exige 21,3 milhões de novos empregos em 20 anos só para acompanhar aumento da população
Brasil terá mais de 209 milhões em 2020
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
No ano 2020, a população brasileira deve ultrapassar os 209 milhões de habitantes e haverá mais
idosos e menos crianças no país.
Para atender à demanda por ocupação da população em idade ativa, o país terá que gerar 1,1 milhão
de novos empregos por ano entre
2000 e 2020, totalizando 21,3 milhões de novas vagas em um período de 20 anos.
Essas projeções fazem parte de
um estudo promovido pelo Ipea
(Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), órgão do Ministério do
Planejamento, realizado pelos
pesquisadores Kaizô Beltrão, Ana
Amélia Camarano e Solange Kanso com base nos dados do Censo
de 2000 do IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia).
As projeções da pesquisa levam
em conta o comportamento de
indicadores de mortalidade e fecundidade nos últimos anos no
país para estimar o tamanho e a
distribuição etária da população
no futuro. Elas são uma importante ferramenta para o planejamento de políticas públicas adequadas a novos perfis demográficos da população.
Duas hipóteses
Para o cálculo do tamanho da
população em 2020, os pesquisadores trabalharam com duas hipóteses. No primeiro cenário, a
taxa de fecundidade, que em 2000
estava em 2,4 filhos por mulher,
cairia em 2020 para 1,8 filho por
mulher na área urbana e para 2,0
entre os moradores da área rural.
Na segunda hipótese, a taxa de
fecundidade cairia para 1,3 na
área urbana e para 1,8 na rural.
A primeira projeção -que utiliza quedas menores na taxa de fecundidade- estimou em 209,5
milhões o tamanho da população
em 2020. Já a segunda hipótese
projetou uma população de 217,4
milhões, quase oito milhões a
mais de brasileiros do que a estimativa do outro cenário.
Em comum às duas projeções
estão a tendência de aumento da
expectativa de vida, a diminuição
do número de crianças até 14 anos
e o aumento de mais de 100% em
20 anos da população com mais
de 60 anos de idade.
Para Camarano, essas projeções
não podem ser classificadas como
boas ou ruins em termos de impacto nas políticas públicas.
"Bom ou ruim é a maneira como a sociedade lida com isso. Não
se pode ter uma visão malthusiana e colocar a população como
problema, apostando numa política pública e esperando que a população se adeqüe a ela. O que deve acontecer é o contrário, ou seja,
as políticas públicas se adequarem à população", afirmou a pesquisadora.
O economista inglês Thomas
Malthus (1766-1834) defendia a
teoria de que o crescimento da
população sempre será maior do
que a capacidade de produção
dos meios de subsistência humanos. Assim, a fome e a miséria só
poderiam ser reduzidas com a
queda de natalidade.
Novo cenário
A diminuição do número de
crianças e o aumento do número
de idosos no país trazem oportunidades e desafios para as políticas públicas.
No caso das crianças, por exemplo, como haverá uma diminuição no tamanho da população
com menos de 14 anos, isso pode
contribuir para o aumento do
gasto por aluno na educação.
Os autores do estudo alertam,
no entanto, para o risco de a pressão por verbas para a infância diminuir por causa da redução do
tamanho dessa população.
"Ainda não temos cobertura total da educação em todos os níveis
de ensino básico. Além disso, há
ainda um número considerável
de alunos que não conseguem terminar o ensino fundamental.
Mesmo que parasse de nascer
criança no Brasil, ainda teríamos
muito a fazer", diz Beltrão.
Ana Amélia Camarano lembra
também que a taxa de fecundidade da mulher brasileira tem caído
principalmente nas classes de
maior renda, mas ainda é alta, se
comparada com a dos mais ricos,
entre a população de baixo poder
aquisitivo. "São essas crianças
mais pobres que mais utilizam o
serviço público de educação",
afirma a pesquisadora.
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