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BARBARA GANCIA
Alternância de poder não terá servido para nada
Agradeço ao leitor Felipe Silva, de São Carlos (SP), pela carta enviada ao "Painel do
Leitor" pedindo respostas a membros do PT sobre coluna de minha
autoria. No texto em questão, intitulado "A volta do inspetor
Clouseau" e publicado em 19/8, eu
pedia que Eduardo Suplicy explicasse por que o economista Paulo
de Tarso Venceslau foi expulso do
PT depois de denunciar um esquema de arrecadação de dinheiro envolvendo Roberto Teixeira,
compadre de Lula.
Só depois da publicação, em 24/
8, da carta do leitor de São Carlos
o senador Suplicy entrou em contato comigo. Disse-me ele, por escrito: "Em 1995, quando Paulo de
Tarso enviou carta aos membros
do Diretório Nacional informando sobre os problemas ocorridos
no âmbito do PT, encaminhei-a
ao diretório solicitando que fossem tomadas providências. Em
1997, após sua entrevista ao "Jornal da Tarde", foi formada Comissão Especial de Investigação,
composta por Hélio Bicudo, José
Eduardo Martins Cardozo e Paul
Singer, que recomendou a pronta
abertura de processo ético-disciplinar contra Roberto Teixeira.
Em relação ao sr. Venceslau, a comissão afirmou: "Considerando a
omissão do partido em apurar as
denúncias originalmente apresentadas durante longo período
de tempo, e tudo mais que consta
desse relatório, a Direção Nacional do PT deverá avaliar a conduta do militante Paulo de Tarso
(...) para fins de instauração de
processo ético-disciplinar". No entanto, essa recomendação foi
transformada, por decisão do diretório, em expulsão. Nessa data
eu não era membro do diretório e,
portanto, não participei da reunião. Considerando o conhecimento que tive dos fatos, não teria votado pela expulsão de Paulo
de Tarso".
Sou grata pela explicação do senador, mas ainda resta saber por
que, em vez de punir Teixeira, o
diretório expulsou o economista.
Suplicy me disse também que reitera seu apoio à candidatura de
Plínio de Arruda Sampaio nas
próximas eleições internas do
partido. Cá entre nós: a eleição de
Sampaio e o esfrangalhamento
da atual estrutura de poder no
partido reduziriam a pó de traque o único grande avanço trazido pela chegada do PT ao poder.
Ou seja, o amadurecimento de
quem, de pedra, virou vidraça. Se
o PT "lulista" se esvair, podemos
contar com a volta de uma esquerda festiva, que vive de ser do
contra, de emperrar reformas e de
fazer propostas demagógicas, como as sucessivas emendas propondo o aumento do salário mínimo que, atualmente, são chamadas de "irresponsabilidade".
QUALQUER NOTA
"Brasileiro?"
O melhor comentário sobre o
encontro entre o papa Bento 16
e Pelé (o pontífice não reconheceu o rei do futebol) partiu do
sempre bem-humorado diário
esportivo argentino "Olé", que
afirmou em manchete: "Até
Jorge Luiz Borges teria reconhecido o rei". Se é que alguém
não sabe, o escritor argentino
era cego.
Cadê?
Mais uma da série chá de sumiço: onde andará Luiz Francisco
de Souza, o procurador de Brasília que costumava gravar conversas com políticos e era sempre tão atuante nas acusações
contra o governo anterior?
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia/
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