São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 2005

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BARBARA GANCIA

Alternância de poder não terá servido para nada

Agradeço ao leitor Felipe Silva, de São Carlos (SP), pela carta enviada ao "Painel do Leitor" pedindo respostas a membros do PT sobre coluna de minha autoria. No texto em questão, intitulado "A volta do inspetor Clouseau" e publicado em 19/8, eu pedia que Eduardo Suplicy explicasse por que o economista Paulo de Tarso Venceslau foi expulso do PT depois de denunciar um esquema de arrecadação de dinheiro envolvendo Roberto Teixeira, compadre de Lula.
Só depois da publicação, em 24/ 8, da carta do leitor de São Carlos o senador Suplicy entrou em contato comigo. Disse-me ele, por escrito: "Em 1995, quando Paulo de Tarso enviou carta aos membros do Diretório Nacional informando sobre os problemas ocorridos no âmbito do PT, encaminhei-a ao diretório solicitando que fossem tomadas providências. Em 1997, após sua entrevista ao "Jornal da Tarde", foi formada Comissão Especial de Investigação, composta por Hélio Bicudo, José Eduardo Martins Cardozo e Paul Singer, que recomendou a pronta abertura de processo ético-disciplinar contra Roberto Teixeira. Em relação ao sr. Venceslau, a comissão afirmou: "Considerando a omissão do partido em apurar as denúncias originalmente apresentadas durante longo período de tempo, e tudo mais que consta desse relatório, a Direção Nacional do PT deverá avaliar a conduta do militante Paulo de Tarso (...) para fins de instauração de processo ético-disciplinar". No entanto, essa recomendação foi transformada, por decisão do diretório, em expulsão. Nessa data eu não era membro do diretório e, portanto, não participei da reunião. Considerando o conhecimento que tive dos fatos, não teria votado pela expulsão de Paulo de Tarso".
Sou grata pela explicação do senador, mas ainda resta saber por que, em vez de punir Teixeira, o diretório expulsou o economista. Suplicy me disse também que reitera seu apoio à candidatura de Plínio de Arruda Sampaio nas próximas eleições internas do partido. Cá entre nós: a eleição de Sampaio e o esfrangalhamento da atual estrutura de poder no partido reduziriam a pó de traque o único grande avanço trazido pela chegada do PT ao poder. Ou seja, o amadurecimento de quem, de pedra, virou vidraça. Se o PT "lulista" se esvair, podemos contar com a volta de uma esquerda festiva, que vive de ser do contra, de emperrar reformas e de fazer propostas demagógicas, como as sucessivas emendas propondo o aumento do salário mínimo que, atualmente, são chamadas de "irresponsabilidade".

QUALQUER NOTA

"Brasileiro?" O melhor comentário sobre o encontro entre o papa Bento 16 e Pelé (o pontífice não reconheceu o rei do futebol) partiu do sempre bem-humorado diário esportivo argentino "Olé", que afirmou em manchete: "Até Jorge Luiz Borges teria reconhecido o rei". Se é que alguém não sabe, o escritor argentino era cego.

Cadê?
Mais uma da série chá de sumiço: onde andará Luiz Francisco de Souza, o procurador de Brasília que costumava gravar conversas com políticos e era sempre tão atuante nas acusações contra o governo anterior?


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