São Paulo, sexta-feira, 26 de agosto de 2005

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VIOLÊNCIA

Em depoimento à Justiça, o universitário Gaby Boulos disse que abordou crianças no semáforo para comprar drogas

Acusado nega abuso e diz que menina tem ligação com o tráfico

ALEXANDRE HISAYASU
DA REPORTAGEM LOCAL

O universitário Gaby Boulos, 27, acusado de abusar sexualmente de uma menina de 12 anos que jogava malabares em um semáforo, disse ontem, em depoimento à Justiça, que a vítima e o amigo dela, um garoto de 13 anos, têm ligações com o tráfico de drogas. Ele negou a acusação de abuso sexual.
Segundo a Folha apurou, Boulos admitiu que é "usuário eventual" de drogas e acusou a menina e o garoto de terem inventado a denúncia de abuso porque ele ameaçou delatá-los à polícia. Ele está preso desde o dia 27 de julho.
Boulos afirmou que no dia 20 de julho foi com seu carro, um Peugeot, até a av. Deputado Jacob Salvador Zveibil, na zona oeste, onde crianças que jogam malabares seriam "aviões" (entregadores) de traficantes de drogas.
Ele contou que deu R$ 50 para o menino, que repassou o dinheiro para a menina ir buscar drogas. Boulos teria aceitado dar carona aos dois a pedido do garoto.
Quando a menina voltou, ainda segundo a versão do acusado, entrou no carro e disse que havia sido assaltada. Boulos teria se irritado e começado a discutir.
Pelo depoimento, o garoto saiu do carro e o universitário andou por alguns minutos discutindo com a menina. Depois, parou próximo a um restaurante e a empurrou para fora do veículo.
A audiência ocorreu ontem, no fórum da Barra Funda, a portas fechadas. Os advogados de Boulos, Carlos Mendes e Luiz Flávio D'Urso -que também é presidente da OAB-SP-, não conversaram com os jornalistas. O promotor Marcelo Barone também não comentou o caso.
Hoje será decretado segredo de Justiça para preservar a integridade da vítima.

Denúncia
Boulos é processado por atentado violento ao pudor e cárcere privado. Segundo denúncia do Ministério Público, as crianças entraram no Peugeot do universitário com a promessa de que ele lhes pagaria um lanche.
Minutos depois, o menino teria saído do carro. O universitário, ainda segundo a denúncia, abusou da menina no Peugeot e a abandonou em frente a um restaurante, onde ela foi socorrida. Ela decorou a placa do carro.
A menina foi examinada no Hospital Pérola Byington por legistas do IML. O laudo indica que ela foi vítima de "atos libidinosos" e com "uso de violência". Os médicos também concluem que as lesões "são compatíveis com provável tentativa de coito anal".
Os advogados de Boulos contrataram o consultor em medicina forense Wilmes Roberto Teixeira, que elaborou um parecer no qual afirma que, com base no laudo do IML, não existe comprovação científica dos atos libinosos relatados pela menina à polícia.


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