São Paulo, domingo, 26 de agosto de 2007

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Estudante é morto por dupla de ladrões em Santo André

Segundo testemunhas, jovem se recusou a entregar Palio ano 2005 ao ser abordado em congestionamento às 20h

Renato Inácio Arias, 23, foi abordado por dois homens quando estava com o carro parado no trânsito, por volta das 20h de anteontem

DA REVISTA DA FOLHA

O universitário Renato Inácio Arias, 23, foi assassinado com um tiro na cabeça durante uma tentativa de assalto em Santo André (Grande São Paulo). Testemunhas disseram à polícia que o estudante se recusou a entregar seu carro, um Palio cinza, ano 2005, a dois ladrões quando levou o tiro. O assassinato aconteceu por volta das 20h de anteontem.
Segundo a polícia, o veículo estava parado, por causa do trânsito, na alça de acesso à avenida Prestes Maia, no sentido São Bernardo do Campo, perto do viaduto Luís Meira, no bairro Sacadura Cabral.
O jovem cursava o segundo ano de administração de empresas na Fundação ABC. O estudante, que também trabalhava como ferramenteiro da Mercedes-Benz, estava seguindo para sua casa, em Diadema.
Ainda de acordo com testemunhas, dois homens surgiram correndo -um deles carregava uma arma que parecia ser um revólver. Em seguida, conforme o relato, viram o corpo de Arias tombar para o lado esquerdo, ainda dentro do carro, que, na seqüência, invadiu o canteiro central da avenida, parando ao bater numa placa.
Os dois vidros dianteiros do Palio estavam abertos, possivelmente por causa do calor.
Segundo testemunhas ouvidas pela polícia, os ladrões fugiram em direção à antiga favela conhecida como Corintinha, próxima a um campo de futebol de terra no mesmo bairro.
As testemunhas relataram à PM que um dos ladrões era moreno e o outro, branco, ambos com cerca de 1,70 m. O moreno estava armado. Ninguém havia sido preso até o final da tarde de ontem. De acordo com a polícia, nada foi roubado do carro.
Foi o terceiro caso de latrocínio (roubo seguido de morte) na Grande São Paulo em 11 dias. No dia 13, Tamires Burlani, 19, foi morta em Diadema por causa do carro. Na última terça, na mesma cidade, o chefe de manutenção Olavo Guimarães, 54, foi baleado no rosto quando ladrões, em uma moto, tentaram roubar seu Fiesta.

"Crime comum"
Durante o velório ontem à tarde no cemitério Paulicéia, em São Bernardo do Campo, os pais de Arias, o irmão, de 22 anos, familiares, amigos e colegas da faculdade e do trabalho não se conformavam.
""Chegamos a total falta de segurança. Tiram a vida das pessoas por nada", disse José Carlos Serna, 54, ajustador ferramenteiro, primo do rapaz.
Ele contou que Arias havia trocado recentemente de carro. "Ter um carro novo é o sonho de todo jovem. Mas eu não acredito, devido à sua formação evangélica, que ele tenha reagido ao assalto", disse. "O que eu imagino que possa ter ocorrido é ele ter se assustado com os ladrões e a arma em sua direção."
Arias trabalhou até as 15h na fábrica, ainda segundo o parente, foi para a faculdade, onde estudava das 16h às 19h, e estava voltando para pegar os pais e seguir a um culto evangélico.
"Esses crimes em sinal de trânsito estão cada vez mais comuns nesta região. E não enxergamos uma possibilidade mínima de mudança", disse.


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