São Paulo, terça-feira, 26 de agosto de 2008

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Nova regra proíbe cigarro dentro do HC

Ação antifumo, que começa a partir de sexta, também vale para as dependências da Faculdade de Medicina da USP

Quem desrespeitar a norma pode ser multado em R$ 560; hospital criou 186 novas vagas para tratar dependentes do tabaco


CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

A partir da próxima sexta, o cigarro está proibido dentro Hospital das Clínicas de São Paulo e da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP). Os infratores estarão sujeitos à multa de 37,59 Ufesp (Unidades Fiscais do Estado de São Paulo), cerca de R$ 560. Funcionários da limpeza e da segurança foram treinados para abordar o fumante e denunciá-lo.
Desde maio já vigora uma lei estadual que proíbe o fumo em bancos, hospitais, escolas, faculdades e repartições públicas. Mas só agora a Faculdade de Medicina da USP -a qual o HC está vinculado- decidiu adotar o rigor antifumo.
Hoje, é comum médicos, estudantes, pacientes e funcionários fumarem nas dependências do hospital. A Folha percorreu o prédio ontem e viu bitucas de cigarro em banheiros, perto da lavanderia, da manutenção e nas escadas do prédio dos ambulatórios.
Um médico do HC que pediu anonimato disse que há colegas ("muitos professores-doutores") que fumam nos consultórios e se recusam a parar. "Se acham intocáveis, donos da sala. Vai ser uma briga boa."
Os únicos setores da USP considerados "ambientes totalmente livres do tabaco" são o InCor (Instituto do Coração) e o Hospital Universitário. A proibição faz parte de uma política de prevenção e combate ao tabagismo que a FMUSP inicia no dia 29, Dia Nacional de Combate ao Fumo.
Além do veto ao cigarro, o hospital criou 186 novas vagas para tratar dependentes do tabaco. "A idéia não é só punir, mas sim conscientizar, oferecer recursos para quem deseja parar de fumar", explica o psiquiatra Arthur Guerra de Andrade, presidente do Grea (Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas) do Instituto de Psiquiatria do HC.
Para Andrade, o HC, como o maior complexo médico da América Latina, tem obrigação de dar o exemplo na luta contra o tabaco. "Se não conseguirmos, dificilmente vamos convencer os outros."
Ao menos cinco áreas médicas -psiquiatria, cardiologia, pneumologia, oncologia e clínica médica- estão envolvidas na política. Segundo Andrade, haverá a uniformização do atendimento e a padronização dos remédios usados no tratamento do tabagismo.
A cardiologista Jaqueline Issa, coordenadora do Ambulatório de Tratamento do Tabagismo do InCor, afirma que uma boa notícia da política antitabagista é que os pacientes atendidos no HC não precisarão mais arcar com o custo dos medicamentos.
Issa também vê resistências no HC para a implantação da política, da mesma forma que o InCor enfrentou em 1993, quando baniu o cigarro de suas dependências. "Hoje, a prevalência de funcionários fumantes [no InCor] é menos de 10%. Há dez anos, era de 25%."
Outra novidade da política é que o tema tabagismo também vai para a grade curricular da FMUSP, tanto no curso de medicina como nos outros oferecidos pela instituição.
Segundo Issa, ainda é grande o desconhecimento por parte dos profissionais de saúde em relação aos métodos eficazes para o tratamento da doença.
Na sexta, a partir das 14h, a FMUSP realizará um fórum sobre políticas antitabágicas. O evento é aberto ao público.

Mais informações:
www.grea.org.br/vocemed/
Programacao-evento-29.pdf



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