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POLUIÇÃO
Cubatão pode ter deslizamentos
Gases ameaçam serra do Mar, diz estudo
FAUSTO SIQUEIRA
da Agência Folha, em Cubatão
A concentração de poluentes em
estado gasoso na atmosfera de Cubatão (SP) está contaminando o
solo e a água, matando a vegetação
nativa e ameaçando com deslizamentos a serra do Mar.
A conclusão é de uma pesquisa
de seis anos de duração, realizada
por meio de um compromisso de
cooperação técnica entre a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e
cinco universidades alemãs, cujo
resultado foi apresentado ontem.
Segundo o coordenador brasileiro da pesquisa, Hamilton Targa,
da Secretaria Estadual do Meio
Ambiente, há em Cubatão uma
nuvem de poluentes situada entre
200 e 400 metros de altitude. A
concentração de poluentes na nuvem é de cinco a seis vezes superior
à concentração na superfície.
O efeito direto é a morte da vegetação original da serra do Mar, que
perdeu 60% a 70% de suas plantas.
Entre os poluentes, há ozônio,
dióxido de enxofre e óxido de nitrogênio, expelidos pelas indústrias. "Os gases vão para a atmosfera, reagem com água e, com a
chuva, deposita-se no solo."
A pesquisa indicou elevado grau
de acidez em camadas profundas
do solo na região. O ácido é absorvido pelas raízes e mata as plantas.
"A passagem da água fica mais rápida, o que causa deslizamentos."
O coordenador afirmou que
também foi observado maior grau
de acidez na água dos rios.
Targa defende um sistema de
controle mais rigoroso da poluição. Segundo ele, mesmo com a
suspensão do lançamento de poluentes, o solo levaria de 10 a 20
anos para se recuperar.
O secretário estadual do Meio
Ambiente Fábio Feldmann disse
que o resultado do estudo prova o
impacto da poluição em Cubatão.
Para Ademar Salgosa Júnior, diretor-adjunto do Ciesp (Centro
das Indústrias do Estado de São
Paulo) em Cubatão, é difícil avaliar
a extensão do dano. Segundo ele,
as indústrias investiram US$ 750
milhões em controle da poluição.
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