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Ex-regional só fala à Justiça, diz advogado
JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local
Mesmo preso e apontado por
ex-funcionários da Regional de
Pinheiros como chefe de um esquema de propina que teria rendido R$ 120 mil por mês ao vereador Paulo Roberto Faria Lima
(PMDB), o ex-administrador regional Oswaldo Kawanami resolveu se calar.
Quando for chamado pela polícia para depor no inquérito que
apura irregularidades na regional,
Kawanami vai alegar o direito de
falar apenas em juízo, segundo o
advogado Hermínio Alberto
Marques Porto Júnior.
O desejo de Kawanami de falar
só quando as denúncias contra ele
chegarem à Justiça também já foi
manifestado em um habeas corpus protocolado anteontem por
Porto Júnior no TJ (Tribunal de
Justiça) de São Paulo.
O efeito de uma decisão favorável do TJ, segundo o advogado,
seria o de tornar "público e notório" o desejo de seu cliente de falar
apenas em juízo.
Ele nega que o habeas corpus
também tenha o objetivo de evitar
que seu cliente enfrente um novo
pedido de prisão e fique detido
além do limite de dez dias (prisão
temporária) já decretado.
Kawanami já prestou depoimento à polícia na última segunda-feira, quando foi preso. Ele estava foragido desde o último dia
6. Por estratégia policial, as declarações feitas pelo ex-regional não
foram questionadas.
No depoimento, Kawanami negou ter participado do suposto esquema de corrupção da Regional
de Pinheiros.
O ex-regional será intimado para depor novamente nesta semana ou na próxima porque a polícia encontrou contradições em
relação a outros depoimentos.
Kawanami, que está preso no
29º DP, é acusado oficialmente de
ter praticado crime de concussão
(obter vantagem para deixar de
exercer função pública) e formação de quadrilha (agir com a ajuda de outras pessoas).
O nome de Kawanami foi apontado por ex-fiscais e outros três
ex-chefes da Regional de Pinheiros. Todos o apontam como participante do esquema e como a
pessoa que supostamente recebia
o dinheiro de propina que deveria
ser repassado para Faria Lima.
O vereador, que controlava politicamente a regional, também
será chamado para depor e indiciado. Ele nega envolvimento no
esquema.
Hierarquia
A primeira denúncia contra Kawanami surgiu com um depoimento do ex-chefe da fiscalização
da Regional de Pinheiros Marco
Antônio Zeppini, no começo deste mês.
Zeppini apontou o ex-regional
como a pessoa responsável por
centralizar o dinheiro de propina
que supostamente era repassado
ao vereador Faria Lima.
A mesma versão foi contada à
polícia por ex-fiscais, a ex-supervisora Maria Thereza Castro e o
ex-supervisor de Uso e Ocupação
do Solo Fábio Nobre.
Todos foram indiciados pela
polícia por concussão e formação
de quadrilha.
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