São Paulo, Quinta-feira, 26 de Agosto de 1999
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Ex-regional só fala à Justiça, diz advogado

JOÃO CARLOS SILVA
da Reportagem Local

Mesmo preso e apontado por ex-funcionários da Regional de Pinheiros como chefe de um esquema de propina que teria rendido R$ 120 mil por mês ao vereador Paulo Roberto Faria Lima (PMDB), o ex-administrador regional Oswaldo Kawanami resolveu se calar.
Quando for chamado pela polícia para depor no inquérito que apura irregularidades na regional, Kawanami vai alegar o direito de falar apenas em juízo, segundo o advogado Hermínio Alberto Marques Porto Júnior.
O desejo de Kawanami de falar só quando as denúncias contra ele chegarem à Justiça também já foi manifestado em um habeas corpus protocolado anteontem por Porto Júnior no TJ (Tribunal de Justiça) de São Paulo.
O efeito de uma decisão favorável do TJ, segundo o advogado, seria o de tornar "público e notório" o desejo de seu cliente de falar apenas em juízo.
Ele nega que o habeas corpus também tenha o objetivo de evitar que seu cliente enfrente um novo pedido de prisão e fique detido além do limite de dez dias (prisão temporária) já decretado.
Kawanami já prestou depoimento à polícia na última segunda-feira, quando foi preso. Ele estava foragido desde o último dia 6. Por estratégia policial, as declarações feitas pelo ex-regional não foram questionadas.
No depoimento, Kawanami negou ter participado do suposto esquema de corrupção da Regional de Pinheiros.
O ex-regional será intimado para depor novamente nesta semana ou na próxima porque a polícia encontrou contradições em relação a outros depoimentos.
Kawanami, que está preso no 29º DP, é acusado oficialmente de ter praticado crime de concussão (obter vantagem para deixar de exercer função pública) e formação de quadrilha (agir com a ajuda de outras pessoas).
O nome de Kawanami foi apontado por ex-fiscais e outros três ex-chefes da Regional de Pinheiros. Todos o apontam como participante do esquema e como a pessoa que supostamente recebia o dinheiro de propina que deveria ser repassado para Faria Lima.
O vereador, que controlava politicamente a regional, também será chamado para depor e indiciado. Ele nega envolvimento no esquema.

Hierarquia
A primeira denúncia contra Kawanami surgiu com um depoimento do ex-chefe da fiscalização da Regional de Pinheiros Marco Antônio Zeppini, no começo deste mês.
Zeppini apontou o ex-regional como a pessoa responsável por centralizar o dinheiro de propina que supostamente era repassado ao vereador Faria Lima.
A mesma versão foi contada à polícia por ex-fiscais, a ex-supervisora Maria Thereza Castro e o ex-supervisor de Uso e Ocupação do Solo Fábio Nobre.
Todos foram indiciados pela polícia por concussão e formação de quadrilha.


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