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JUSTIÇA
Artigo insultava os judeus
Bancário é condenado por racismo
RONALDO SOARES
da Sucursal do Rio
O bancário Fernando Cezar
Egypto Bezerra, 45, foi condenado a dois anos de prisão por crime
de racismo contra judeus pela juíza Florentina Ferreira Porto, da 2ª
Vara Criminal de Petrópolis (65
km do Rio de Janeiro).
A sentença, de 13 de agosto, se
baseou em artigo publicado por
Bezerra há dois anos num jornal
da cidade, em que ele se refere aos
judeus como "câncer do Oriente
Médio". No artigo, intitulado
"Analogia", o bancário cita "um
amigo sírio do Rio de Janeiro" para dizer que "existem três pragas,
três ervas daninhas em toda parte
do mundo, que são baratas, ratos
e judeus".
Em um trecho, diz: "Com o decorrer dos séculos, dos milênios,
eles (os judeus) estão aí, infernizando como sempre. Roubam,
torturam, matam, destroem, dominam, atacam e sempre são defendidos (...). Quando chegará o
dia do castigo final para eles?".
Por ser réu primário e ter bons
antecedentes, a juíza substituiu a
prisão de Bezerra por uma pena
alternativa, de prestação de serviços comunitários. Durante dois
anos, ele terá que cumprir uma
hora de serviços gratuitos por dia
em um asilo. Ele tem direito a recorrer da sentença.
A sentença estabelece ainda
multa de um salário mínimo, valor que também será revertido em
favor de instituição de caridade.
O artigo causou indignação na
comunidade judaica de Petrópolis. O procurador de Justiça aposentado David Borensztajn, 52,
entregou cópia do jornal ao Ministério Público, que ofereceu denúncia contra o bancário.
A defesa de Bezerra atribuiu o
conteúdo do artigo ao "espírito
jocoso do brasileiro", mas a juíza
considerou que "nenhum grupo
humano se sentiria simplesmente
vítima de uma brincadeira ao ser
comparado a baratas, ratos e ervas daninhas".
Bezerra trabalha como caixa na
agência da Caixa Econômica Federal e, em 97, fundou a Frente
Brasil para a Libertação da Palestina, entidade sem fins lucrativos.
O bancário não foi localizado
ontem pela Folha. Colegas de trabalho informaram que ele está
"de licença há muito tempo". Seu
telefone não consta da lista telefônica. O advogado de Bezerra, Arthur Bernardes de Paiva, também
não foi localizado.
Para o ex-presidente da Federação Israelita do Rio, Ronaldo
Gomlevzky, 50, a condenação por
crime de racismo contra judeus
no país serve "de exemplo para a
sociedade". Os promotores do caso dizem que a decisão é inédita.
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