São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Fila de transplante terá consulta via internet

Previsão do Ministério da Saúde é que, em até 60 dias, os quase 70 mil pacientes à espera de órgãos possam monitorar suas posições

Pacote anunciado para estimular transplantes prevê ainda reajustes e aumento de remuneração para hospitais e equipes médicas

LARISSA GUIMARÃES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quase 70 mil pacientes que estão à espera de uma doação de órgãos poderão monitorar, pela internet, sua posição na fila. A medida faz parte de um pacote anunciado ontem pelo Ministério da Saúde para aumentar o número de transplantes.
O cadastro de pacientes pela internet e o acompanhamento do andamento da fila pela rede devem começar dentro de 60 dias. A medida faz parte do novo regulamento para a área de transplantes, que estará em consulta pública a partir de segunda, segundo previsão do ministério. Nesse processo, quem quiser apresenta sugestões, que podem ser aceitas ou não.
"O sistema deve ser sustentado fortemente em cima da transparência, para que a pessoa candidata a transplante tenha permanentemente segurança sobre a sua posição no sistema e possa acompanhá-la", disse o ministro José Gomes Temporão, em evento ontem em Brasília, quando lançou uma campanha para incentivar a doação de órgãos.
Outras medidas do Ministério da Saúde só deverão ser implementadas após a consulta pública. A pasta quer mudar parte dos critérios para as listas de espera de doação de órgãos.
O doador vivo -que pode doar rim, parte do fígado ou parte do pulmão para um paciente- deverá ter preferência, caso um dia venha a entrar na fila de espera por órgãos.
Também estão previstas alterações em relação a faixas etárias.
No caso de transplante de rim, por exemplo, o Ministério da Saúde propõe que o órgão de um doador com menos de 18 anos seja alocado para um paciente também menor de 18 anos, prioritariamente, segundo informou Alberto Beltrame, diretor do Departamento de Atenção Especializada.

Reajuste
Temporão também divulgou reajustes e aumento de remuneração para hospitais e equipes médicas, além de pagamento extra para os exames necessários para a inclusão do paciente da rede pública na fila de transplantes.
A pasta gastará aproximadamente R$ 60 milhões a mais, por ano, além do orçamento atual de R$ 500 milhões para a área de transplantes.
Os valores pagos aos hospitais credenciados para realizar transplantes serão reajustados em até 40%. O transplante de coração, por exemplo, passará de R$ 22,2 mil para R$ 31,1 mil. A menor correção (10%) será para transplante conjugado de pâncreas e rins.
As equipes que conseguirem cumprir as etapas que resultem efetivamente em transplante (abordagem da família, manutenção do doador, entre outras) terão o pagamento dobrado, de acordo com informações divulgadas pelo Ministério da Saúde.
A expectativa é que os reajustes e bônus elevem o número de transplantes no país e também o de notificações.
De acordo com o ministro, cerca de 50% dos casos de morte encefálica não são notificados -e, assim, oportunidades de transplantes são perdidas.

TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

8.365
transplantes foram realizados no 1º semestre de 2008

68.530
pacientes estavam na fila de espera nesse período

15,6%
foi o crescimento no número de transplantes no 1º semestre deste ano em relação ao mesmo período de 2007

R$ 60
milhões é o valor que deverá ser gasto anualmente com as medidas anunciadas pelo ministério

R$ 500
milhões é o atual orçamento da área de transplantes

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