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INGRID SCHMIDT GRAEL (1930-2008)
De miss a matriarca da vela brasileira
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Ela era a "nossa matriarca
da vela", Ingrid Schmidt
Grael. Mãe de Torben e Lars
Grael (e suas sete medalhas
olímpicas), ela ria, sempre
que o filho dizia ser ela -não
ele ou o irmão -, a maior medalhista em Olimpíadas do
país. "O que ela adorava", diz
o filho. "Nenhuma mãe tem
mais medalhas do que eu."
Ingrid cresceu com os pés
no barco, o vento no rosto e o
sol queimando a pele clara. O
pai era um engenheiro dinamarquês (campeão europeu
de hipismo), que veio para o
Rio trabalhar. "Mas chegou,
viu a baía de Guanabara e, cavalo que nada, foi é velejar."
Comprou o barco Aileen e
sobre ele ensinou duas gerações de campeões.
"Nossa tradição na vela
veio dela", diz um dos três filhos. "Pois a infância dela, assim como a nossa, foi em torno do barco." Parecia hereditário. Dois irmãos (gêmeos)
de Ingrid foram campeões
mundiais de vela; a irmã
competia, assim como ela -
que também fazia esgrima,
salto ornamental e nadava.
Tanto que ganhou o concurso de "Rainha da Primavera", que unia esporte e beleza no Rio -e beleza, de fato, ela tinha. Ingrid foi Miss
Niterói, Miss Estado do Rio
de Janeiro e competiu no
Miss Brasil, nos anos 50.
O tempo passou e ela virou
professora de inglês e avó de
cinco netos; mas "tinha tanta
energia" que,, nas folgas, "pegava o carro e ia até a Patagônia". Morreu de câncer, aos
70, na segunda, primeiro dia
da primavera. "É que, uma
vez rainha, sempre rainha."
obituario@folhasp.com.br
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