São Paulo, sexta-feira, 26 de setembro de 2008

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Delegados da PF são acusados de integrar máfia da gasolina

Operação da própria PF cumpriu ontem 23 dos 40 mandados de prisão expedidos

Entre os presos estão dois delegados e quatro agentes federais; a chamada máfia dos combustíveis agia no sul do Estado do Rio

ITALO NOGUEIRA
DA SUCURSAL DO RIO

Dois delegados e quatro agentes da Polícia Federal foram presos ontem pela própria corporação, sob acusação de pertencer à chamada máfia da gasolina, no sul fluminense. Ao todo, 23 dos 40 mandados de prisão foram cumpridos.
A prisão preventiva foi determinada contra sete policiais federais, cinco policiais civis do Rio, um PM de São Paulo, oito do Rio, 18 empresários e um despachante.
Segundo a PF, os policiais permitiam a passagem de caminhões de combustíveis com notas fiscais frias ou reutilizadas ou mesmo sem o comprovante.
Quatro fiscais da Secretaria da Fazenda do Rio, oito PMs de SP e dois caminhoneiros também foram denunciados pelo Ministério Público Federal, mas a Justiça não expediu mandado de prisão contra eles.
A denúncia descreve os crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva, transporte clandestino e adulteração de combustível.
Três grupos de empresários são acusados de pagar, cada um, entre R$ 20 mil e R$ 50 mil por mês para a quadrilha.
O chefe do Núcleo de Operações da Delegacia Federal de Volta Redonda, o policial federal Sérgio Vinícius de Oliveira, era, segundo a PF, considerado o chefe da quadrilha, sendo chamado de "síndico".
O titular da delegacia, César Augusto Gomes Gaspar, e seu substituto, Gustavo Stteel, também foram presos. "O chefe da delegacia era importante porque nada disso poderia ocorrer sem o seu conhecimento e sua autorização", disse o superintendente da PF no Rio, Valtinho Jacinto Caetano.
Segundo a PF, o grupo age há pelo menos um ano. Gaspar comanda a delegacia desde 2004.
As investigações começaram há seis meses, quando a Superintendência da PF no Rio passou a avaliar o trabalho das delegacias no Estado. "Percebemos que a delegacia de Volta Redonda tinha uma produtividade muito baixa. O pouco serviço que fazia era repressão ao tráfico", disse Caetano.
Segundo ele, o grupo de policiais inicialmente fazia blitze com o objetivo de extorquir dinheiro de caminhoneiros e empresários do setor. Após seguidas propinas, três grupos de empresários passaram a contribuir mensalmente para uma "caixinha" dos policiais.
A contribuição garantiu, segundo a PF, o trânsito sem fiscalização pela região e até mesmo escolta para evitar que os caminhões fossem apreendidos em blitze de policiais não envolvidos no esquema.
Entre os presos há três empresários paulistas. Eles também são acusados de adulterar o combustível em um galpão em Volta Redonda.
A PF não divulgou os nomes dos advogados dos acusados.


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