São Paulo, quarta-feira, 26 de outubro de 2005

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JUSTIÇA

Indenização é de R$ 500 pelo período de 15 anos

Famílias de 28 meninos mortos e emasculados receberão pensão

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Famílias de ao menos 28 meninos mortos e emasculados na região metropolitana de São Luís (MA) entre 1991 e 2003 receberão pensão de R$ 500 do governo estadual pelos próximos 15 anos.
O pagamento é uma forma de o Estado indenizar as famílias por falhas nas investigações. É também o resultado de uma negociação entre o governo e a Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos).
Em 2001, as ONGs Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Padre Marcos Passerine e Justiça Global fizeram uma representação contra o Brasil na OEA, acusando o poder público de omissão nas investigações.
"O dinheiro não é tudo, mas é importante, porque o governo do Estado reconheceu suas falhas. Na época ele não se interessou em investigar as mortes", disse Ana Lúcia de Oliveira Frazão, mãe de um dos meninos mortos.
Segundo o secretário da Justiça e Cidadania, Sálvio Dino, um dos negociadores do acordo com a OEA, o pagamento da indenização será feito pelo Estado pela violação dos direitos humanos.
"O caso dos meninos emasculados aconteceu aqui, por falhas reconhecidas no processo de investigação e de prisão dos responsáveis, o que permitiu que esse "serial killer" passasse mais de uma década cometendo crimes", disse. Segundo Dino, o acordo será remetido à Assembléia Legislativa do Maranhão na forma de projeto de lei, e, só depois de aprovado, a indenização começará a ser paga.

Réu
A investigação sobre a autoria das mortes ainda não foi concluída. O mecânico de bicicletas Francisco das Chagas Rodrigues de Brito é apontado pelo Ministério Público do Estado como possível autor das mortes. Ele está preso desde dezembro de 2003 por suspeita da morte de Jonahtan Vieira dos Santos, 15. Ele foi pronunciado pela Justiça por esse crime, mas o defensor dele recorreu. O julgamento ainda não tem data.
Em depoimento à Polícia Civil em abril de 2004, Brito disse que matou 28 meninos na periferia de São Luís. Três ossadas foram encontradas enterradas na casa dele. Ele disse que matou outros meninos em Altamira (PA), segundo a Secretaria da Segurança Pública.


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