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Acusado de matar 42 garotos é condenado
Em seu primeiro julgamento, Francisco Brito, 41, foi sentenciado a 20 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato de menino de 15 anos
Réu teve a pena reduzida porque júri considerou
que ele tem a capacidade
de autocontrole e entendimento prejudicada
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Beneficiado pela decisão do
júri, que o considerou semi-imputável, o mecânico Francisco
das Rodrigues de Brito, 41, foi
condenado na madrugada de
ontem a 20 anos e oito meses
de prisão pelo homicídio e pela
ocultação do cadáver de Jonatham Silva Vieira, 15.
O réu teve a pena reduzida
em cerca de oito anos por ter sido considerado parcialmente
responsável pelos crimes e por
tê-los confessado.
Brito é acusado de ter matado 42 meninos, entre 1989 e
2003, na região de São Luís e
em Altamira, no Pará, e retirado os órgãos sexuais da maioria
deles. O caso ficou conhecido
como os meninos emasculados
do Maranhão e de Altamira.
Hoje, ele responde a 22 processos na Justiça do Maranhão,
relativos à morte de 24 garotos.
Jonatham desapareceu em
dezembro de 2003, em São José de Ribamar (região metropolitana de São Luís), e seu corpo só foi achado 41 dias depois.
No julgamento, iniciado na
segunda, a própria acusação
sustentou a tese de que o mecânico era parcialmente responsável pelo crime. "Foi acolhida
integralmente a tese da acusação no sentido de que ele [Brito] praticou os crimes de homicídio e ocultação do cadáver e
de ele que era semi-imputável,
ou seja, tem uma responsabilidade penal diminuída pela sua
menor capacidade de autocontrole e entendimento", disse o
promotor Samaroni de Sousa
Maia, que atuou no julgamento.
Segundo a psicóloga Maria
Adelaide Caires, que elaborou
os laudos psiquiátrico e psicológico do mecânico, Brito sofre
de "perturbação mental com
transtorno de personalidade e
tem um entendimento reduzido da ilicitude de suas ações".
O advogado de Brito, Erivelton Lago, disse que não deve recorrer da decisão. Para ele, o resultado do julgamento foi positivo, pois contribuiu para a sociedade refletir sobre as psicopatias e como o Estado deve
agir para evitar novos casos.
No primeiro dia de julgamento, o mecânico assumiu a
morte de Jonatham, o que até
então negava, e disse que foi
abusado sexualmente aos seis
anos por um empregado de sua
avó. Contou também que apanhava muito da avó, por quem
foi criado, e que teve uma infância sofrida.
Para a coordenadora do Centro de Defesa Padre Marcos
Passerini, Nelma Pereira de
Souza, que assessora as famílias dos meninos mortos, o julgamento de Brito foi uma resposta necessária das autoridades. Segundo Souza, as famílias
defendem a partir de agora que
Brito seja julgado uma só vez
pelos outros crimes que é acusado de ter cometido.
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