São Paulo, quinta-feira, 26 de outubro de 2006

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Acusado de matar 42 garotos é condenado

Em seu primeiro julgamento, Francisco Brito, 41, foi sentenciado a 20 anos e 8 meses de prisão pelo assassinato de menino de 15 anos

Réu teve a pena reduzida porque júri considerou que ele tem a capacidade de autocontrole e entendimento prejudicada

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Beneficiado pela decisão do júri, que o considerou semi-imputável, o mecânico Francisco das Rodrigues de Brito, 41, foi condenado na madrugada de ontem a 20 anos e oito meses de prisão pelo homicídio e pela ocultação do cadáver de Jonatham Silva Vieira, 15.
O réu teve a pena reduzida em cerca de oito anos por ter sido considerado parcialmente responsável pelos crimes e por tê-los confessado.
Brito é acusado de ter matado 42 meninos, entre 1989 e 2003, na região de São Luís e em Altamira, no Pará, e retirado os órgãos sexuais da maioria deles. O caso ficou conhecido como os meninos emasculados do Maranhão e de Altamira.
Hoje, ele responde a 22 processos na Justiça do Maranhão, relativos à morte de 24 garotos.
Jonatham desapareceu em dezembro de 2003, em São José de Ribamar (região metropolitana de São Luís), e seu corpo só foi achado 41 dias depois.
No julgamento, iniciado na segunda, a própria acusação sustentou a tese de que o mecânico era parcialmente responsável pelo crime. "Foi acolhida integralmente a tese da acusação no sentido de que ele [Brito] praticou os crimes de homicídio e ocultação do cadáver e de ele que era semi-imputável, ou seja, tem uma responsabilidade penal diminuída pela sua menor capacidade de autocontrole e entendimento", disse o promotor Samaroni de Sousa Maia, que atuou no julgamento.
Segundo a psicóloga Maria Adelaide Caires, que elaborou os laudos psiquiátrico e psicológico do mecânico, Brito sofre de "perturbação mental com transtorno de personalidade e tem um entendimento reduzido da ilicitude de suas ações".
O advogado de Brito, Erivelton Lago, disse que não deve recorrer da decisão. Para ele, o resultado do julgamento foi positivo, pois contribuiu para a sociedade refletir sobre as psicopatias e como o Estado deve agir para evitar novos casos.
No primeiro dia de julgamento, o mecânico assumiu a morte de Jonatham, o que até então negava, e disse que foi abusado sexualmente aos seis anos por um empregado de sua avó. Contou também que apanhava muito da avó, por quem foi criado, e que teve uma infância sofrida.
Para a coordenadora do Centro de Defesa Padre Marcos Passerini, Nelma Pereira de Souza, que assessora as famílias dos meninos mortos, o julgamento de Brito foi uma resposta necessária das autoridades. Segundo Souza, as famílias defendem a partir de agora que Brito seja julgado uma só vez pelos outros crimes que é acusado de ter cometido.


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