São Paulo, domingo, 26 de outubro de 2008

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Índios e donos de sítios esperam lucros

DA REPORTAGEM LOCAL

A cabeleireira Mara Nobile quer abandonar o salão que tem em Embu-Guaçu. Em 2009, se tudo der certo, ela vai se mudar para o sítio da família em Marsilac e viver do turismo.
O sítio, comprado com dificuldade, tem a única cachoeira (das 15 mapeadas na região) que vai integrar o catálogo turístico. O turista que quiser visitar a cachoeira do Sagüi pagará R$ 5. É daí que a cabeleireira espera tirar seu sustento.
"Eu preciso trabalhar fora. Nós tivemos a oportunidade de comprar esse sítio, que estava numa situação muito precária. Não chegava nem carro. Agora, nós já conseguimos arrumar e eu acredito que a gente possa tirar nosso sustento de lá."
Valdemir Ferro produz plantas ornamentais e cogumelos shimeji na ilha do Bororé. Ele também espera poder incrementar sua renda com o turismo em seu sítio.
"O pessoal vai lá, dou um cafezinho da manhã e eles aproveitam para conhecer como é o cultivo do cogumelo. Eu dou uma palestrinha de uma meia hora. Na verdade, eu mais respondo perguntas", disse Ferro.
Também os índios se preparam. Dançar para o "branco", cantar para o "branco", passear na mata com o "branco" e vender artesanato para o "branco". É o que querem os cerca de 300 índios da aldeia guarani Krukutu. Mas só de vez em quando.
"A gente não é igual ao homem "branco". A gente não tem intenção de receber ônibus todo dia. O "branco", se deixar, vem todo dia. Para a gente, uma vez por mês já tá bom", afirmou Olivio Zeferino da Silva, ou Olivio Jekupé, escritor e presidente da Associação Guarani Nhe'ê Porã, formada para defender os interesses da aldeia.
"Sempre vinha turista aqui e pedia para a gente dançar para eles. Já que eles vinham mesmo, resolvemos cobrar", disse.


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