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SAÚDE
Pesquisa revela percepção generalizada de que não é possível convencer o parceiro a se prevenir sempre contra a Aids
Mulher acha difícil exigir uso de camisinha
AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
As mulheres não só estão crescendo entre as vítimas da Aids no
país, aproximando-se do número
de homens, como não acreditam
que possam mudar esse quadro.
Cerca de 84% delas concordam
total ou parcialmente com a opinião de que as mulheres "não
conseguem convencer os maridos
e parceiros a usar sempre camisinha". Entre os homens, 82% também pensam assim.
Uma grande maioria de mulheres (91%), no entanto, concorda
que "mesmo as casadas e aquelas
com namorado fixo correm alto
risco de pegar Aids, porque os
parceiros mantêm outras relações
que elas desconhecem".
A pesquisa, divulgada ontem,
foi realizada pelo Ibope, a pedido
do Instituto Patrícia Galvão Comunicação e Mídia, em parceria
com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem). O Patrícia Galvão é
um instituto feminista fundado
no ano passado e voltado para
questões ligadas à mídia. Foram
ouvidas 2.000 pessoas.
A pesquisa revela que, tanto para mulheres como homens, a
preocupação com a Aids vem
caindo. Em 1997, 34% dos entrevistados dos dois sexos disseram
acreditar que as mulheres se preocupavam com o crescimento da
Aids feminina. Agora, a porcentagem caiu para 19%.
Seis anos atrás, no ranking dos
itens que os dois sexos consideravam que mais preocupavam as
mulheres, o crescimento da Aids
feminina ocupava o 4º lugar, perdendo para o câncer de mama ou
de útero, a violência em casa e a
violência e o assédio sexual fora
de casa. Hoje, o crescimento da
Aids entre elas -segundo a percepção de homens e mulheres-
caiu para 6º lugar, perdendo até
para a igualdade de salários com
os homens e a necessidade de deixar os filhos para trabalhar fora.
Confirmando essa tese, 52% das
mulheres e 41% dos homens disseram que não mudaram nenhuma atitude depois do aparecimento da Aids. Se boa parte já vinha baixando a guarda, reduzindo os cuidados de prevenção, esse
número tende a crescer mais.
A pesquisa de 1997, usada em algumas comparações, também foi
feita pelo Ibope, com 2.000 homens e mulheres, encomendada
pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
"Daqui para frente, teremos de
estudar para entender o comportamento revelado pela pesquisa",
diz Fátima Pacheco Jordão, uma
das diretoras do Instituto Patrícia
Galvão, socióloga e especialista
em pesquisas de opinião e comunicação política.
Dos 277.154 casos notificados
de Aids anunciados na segunda-feira pelo Programa Nacional,
80.001 são do sexo feminino. A
proporção de casos caiu de 25 homens para cada mulher, nos anos
80, para 1,8 homem para uma
mulher, atualmente. Entre os casos novos essa relação se aproxima ainda mais: no ano, foram 14
mil homens e 8.000 mulheres.
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