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São Paulo, quarta-feira, 26 de novembro de 2003

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SAÚDE

Pesquisa revela percepção generalizada de que não é possível convencer o parceiro a se prevenir sempre contra a Aids

Mulher acha difícil exigir uso de camisinha

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

As mulheres não só estão crescendo entre as vítimas da Aids no país, aproximando-se do número de homens, como não acreditam que possam mudar esse quadro.
Cerca de 84% delas concordam total ou parcialmente com a opinião de que as mulheres "não conseguem convencer os maridos e parceiros a usar sempre camisinha". Entre os homens, 82% também pensam assim.
Uma grande maioria de mulheres (91%), no entanto, concorda que "mesmo as casadas e aquelas com namorado fixo correm alto risco de pegar Aids, porque os parceiros mantêm outras relações que elas desconhecem".
A pesquisa, divulgada ontem, foi realizada pelo Ibope, a pedido do Instituto Patrícia Galvão Comunicação e Mídia, em parceria com o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem). O Patrícia Galvão é um instituto feminista fundado no ano passado e voltado para questões ligadas à mídia. Foram ouvidas 2.000 pessoas.
A pesquisa revela que, tanto para mulheres como homens, a preocupação com a Aids vem caindo. Em 1997, 34% dos entrevistados dos dois sexos disseram acreditar que as mulheres se preocupavam com o crescimento da Aids feminina. Agora, a porcentagem caiu para 19%.
Seis anos atrás, no ranking dos itens que os dois sexos consideravam que mais preocupavam as mulheres, o crescimento da Aids feminina ocupava o 4º lugar, perdendo para o câncer de mama ou de útero, a violência em casa e a violência e o assédio sexual fora de casa. Hoje, o crescimento da Aids entre elas -segundo a percepção de homens e mulheres- caiu para 6º lugar, perdendo até para a igualdade de salários com os homens e a necessidade de deixar os filhos para trabalhar fora.
Confirmando essa tese, 52% das mulheres e 41% dos homens disseram que não mudaram nenhuma atitude depois do aparecimento da Aids. Se boa parte já vinha baixando a guarda, reduzindo os cuidados de prevenção, esse número tende a crescer mais.
A pesquisa de 1997, usada em algumas comparações, também foi feita pelo Ibope, com 2.000 homens e mulheres, encomendada pelo Conselho Nacional dos Direitos da Mulher.
"Daqui para frente, teremos de estudar para entender o comportamento revelado pela pesquisa", diz Fátima Pacheco Jordão, uma das diretoras do Instituto Patrícia Galvão, socióloga e especialista em pesquisas de opinião e comunicação política.
Dos 277.154 casos notificados de Aids anunciados na segunda-feira pelo Programa Nacional, 80.001 são do sexo feminino. A proporção de casos caiu de 25 homens para cada mulher, nos anos 80, para 1,8 homem para uma mulher, atualmente. Entre os casos novos essa relação se aproxima ainda mais: no ano, foram 14 mil homens e 8.000 mulheres.


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