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Educadores vêem crise na disputa pela USP
Dirigentes de Unicamp e Unifesp suspeitam que chegou ao limite o número de candidatos da rede pública preparados para a Fuvest
Programa que dá bolsa em universidades particulares, Prouni é apontado como fator para menor procura de estudantes da rede pública
DA REPORTAGEM LOCAL
"Quando um projeto assim
começa, há uma demanda reprimida. É uma surpresa a queda na Fuvest", afirma o coordenador-adjunto do exame da
Unicamp, Renato Pedrosa.
Na Universidade Estadual de
Campinas -que concede uma
pontuação extra aos alunos de
escola pública desde o vestibular de 2005-, ocorreu o contrário no início desse projeto de
inclusão social.
Houve uma elevação na procura desse perfil de estudante
no primeiro exame com o benefício (a participação subiu de
31,4% para 34,1%).
Nos vestibulares posteriores,
entretanto, a participação desses estudantes entre os inscritos vem caindo (recuou para
29% neste ano).
"Há o fator Prouni [programa do governo federal que dá
bolsa em universidades particulares], mas parece também
que a demanda da escola pública chegou a um limite. O grupo
de pessoas da rede pública que
se sente preparada para o exame da USP ou da Unicamp não
cresce", diz o coordenador-adjunto do exame da Unicamp.
Já na opinião do pró-reitor
de graduação da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Luiz Eugênio Mello, os alunos da rede pública vêem uma
grande dificuldade em se manter no ensino superior, mesmo
que não seja cobrada mensalidade e o ingresso na universidade seja facilitado.
A Unifesp oferece cotas desde o vestibular 2005. Mesmo
com o benefício, o número de
inscritos da rede pública caiu
de 26% em 2005 para 22% neste ano no campus central.
"Ao que parece, os alunos da
rede pública estão questionando se o curso vai trazer benefícios reais ou se é melhor já cair
no mercado de trabalho", afirmou o pró-reitor.
Aprovação
Se a tendência apresentada
nos dados da própria Fuvest e
da Unicamp se confirmar, a
queda no número de inscritos
de escola pública no vestibular
deverá ter pouco impacto no
resultado esperado do bônus
concedido pela USP.
A universidade estima que,
ao conceder 3% de acréscimo
na nota das duas fases do vestibulando da rede pública, a proporção desse perfil de estudantes entre os aprovados suba dos
atuais 24% para 30%.
Resultados de exames anteriores da Fuvest mostram que o
número de inscritos da rede
pública quase não influencia o
perfil da lista de aprovados.
Na prova para ingresso em
2005, por exemplo, 38,6% dos
inscritos vieram de escolas públicas, que conseguiram 20,1%
das vagas.
No ano seguinte, entre os
candidatos a proporção subiu
para 41,8%, mas entre os estudantes aprovados diminuiu para 18,5%.
Na Unicamp, no mesmo período, o número de inscritos da
rede pública caiu 8%, enquanto
entre os aprovados a diminuição foi menor, de 6%.
"O número de estudantes
preparados para resolver a prova, que efetivamente disputam
as vagas, é mais ou menos constante. Aqueles que deixam de se
inscrever tendem a não serem
aprovados mesmo", afirmou o
coordenador-adjunto do processo seletivo da Unicamp, Renato Pedrosa.
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