São Paulo, quinta-feira, 26 de dezembro de 2002

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Prevenção depende de controle do gene

DA FOLHA RIBEIRÃO

Uma das formas de se evitar a proliferação da neuropatia hereditária motora e autonômica progressiva associada à dislipidemia no país é fazer uma espécie de controle genético dos portadores. Isso, teoricamente, poderia acabar com a doença.
Como a chance de transmissão para os filhos é de 50%, seria necessário que uma fertilização artificial fosse feita para evitar o contágio. "Assim, seria possível, por meio da pesquisa do gene, selecionar o melhor para a fecundação", disse o orientador do estudo, Amilton Antunes Barreira.
Isso, no entanto, só vai ser possível após a próxima etapa do estudo ser concluída -a do mapeamento do gene, o que pode ocorrer no ano que vem.
"Nós podemos fazer um aconselhamento, mas é preciso que a pessoa venha espontaneamente", afirmou o médico Wilson Marques Júnior, médico do departamento de neurologia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.
Segundo Barreira, teoricamente essas medidas poderiam acabar com a doença. "Como não há nada na literatura, acreditamos que poderia haver um controle", disse Barreira.

Letalidade
Mortal, a amiotrofia espinhal -decorrente da nova doença descoberta- pode matar em um período que varia de 8 a 12 anos e afeta metade dos filhos dos portadores. "É um risco muito grande", afirmou Marques Júnior.
Os sintomas da doença -que afeta homens e mulheres- começam a aparecer geralmente a partir dos 30 anos. Até agora, os casos detectados apontam que ela apareceu dos 30 aos 54 anos.
Antes disso, os portadores não apresentaram nenhum sintoma que pudesse caracterizá-la e tinham uma vida normal. "Alguns, inclusive, foram atletas na juventude. Nem sabiam que poderiam desenvolver a doença", disse.
Segundo Barreira, é preciso trabalhar, também, o aspecto psicológico dos portadores, já que não há cura.
"A pessoa sofre até ficar em uma cama, deitada, conseguindo mexer somente as mãos e o pescoço, por causa da fraqueza. A cabeça, no entanto, está bem, o que a faz sofrer por estar naquela situação e não poder fazer nada", disse o pesquisador.


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