José Maria da Silva/Folha Imagem

Unidade da Febem no Tatuapé, na zona sudeste de SP, onde um menor morreu durante tentativa de fuga

FABIO SCHIVARTCHE
da Reportagem Local

Uma tentativa de fuga seguida de rebelião na Unidade Educacional 17 da Febem do Tatuapé (zona sudeste de São Paulo) terminou com um menor morto, pelo menos 23 feridos, acusações de agressões contra funcionários da entidade e dúvidas sobre quem incendiou o prédio.
A fuga frustrada começou por volta das 22h de anteontem. Um grupo de 13 jovens dominou o coordenador da turma da Unidade Educacional (UE) 17 e tentou escapar. Eles foram recapturados pelos monitores ainda no pátio da Febem (Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor).
Dois monitores ficaram feridos na captura. Um deles teve um corte no rosto e pode perder a visão.
Quando os menores estavam sendo reconduzidos para os quartos, cerca de 50 internos já haviam começado a rebelião. Confinados em uma sala, ficaram frente a frente com um batalhão de seguranças e policiais.
A partir desse momento, por volta das 23h30, começam as dúvidas sobre o que realmente aconteceu na Febem na véspera do Natal.
Ontem de manhã, os rebelados eram acusados por funcionários de ter ateado fogo em colchões, provocando um incêndio que queimou mais de 20 internos.
"Não foram os meninos que colocaram fogo, pois eles estavam encurralados dentro da sala e não iriam querer se queimar", diz o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do Menor, que esteve na Febem ontem de manhã conversando com os rebelados. Lancelotti afirma que muitos menores apresentavam marcas de espancamento. "Eles disseram que apanharam com pedaços de madeira."
Ontem à tarde, o presidente da Febem, Eduardo Domingues da Silva, também questionava quem foi o responsável pelo incêndio.
"Não temos a confirmação de que o fogo começou no quarto onde estavam encurralados os meninos. Vamos apurar o que houve."
O fogo foi controlado por volta da 1h pelos bombeiros. Uma das casas da unidade ficou completamente destruída. Um dos menores, não identificado até a noite de ontem, morreu carbonizado.
Os feridos foram encaminhados para cinco hospitais. Alguns, tinham queimaduras graves, mas não corriam risco de vida, segundo a Febem.
Os internos rebelados fazem parte do circuito médio da Febem. "Era uma unidade tranquila, com muitos meninos internados pela primeira vez", afirma Silva.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Entidades de Assistência ao Menor, a Unidade do Tatuapé abriga mais menores que sua capacidade. Na UE 17, onde cabem 50 adolescentes, vivem 70.