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GOVERNO LULA
Regimento da pasta, que precisa de funcionários, será enviado nesta semana à Casa Civil; ministro diz não ter pressa
Ministério das Cidades nem saiu do papel
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Recém-criado, o Ministério das
Cidades não saiu totalmente do
papel. Herdou da extinta Sedu
(Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano) a responsabilidade pelas políticas de habitação,
saneamento, transportes, e, do
Ministério da Justiça, o Denatran
(Departamento Nacional de
Trânsito). Mas lhe falta estrutura,
e os projetos são incipientes.
Propostas começaram a ser discutidas, técnicos iniciaram os trabalhos, mas secretarias, como a
de Programas Urbanos, ainda trabalham com equipe incompleta.
Nesse caso, a urbanista Raquel
Rolnik foi nomeada secretária,
mas não dispõe de todos os funcionários necessários. Nem mesmo o papel de sua secretaria foi
oficialmente definido. Rolnik
apresentará o seu projeto de organização ao ministro Olívio Dutra
até o próximo dia 30.
A secretaria dirigida pela urbanista foi a única que nasceu sem
nenhuma estrutura. As outras
(Saneamento, Habitação e Transportes) contavam com diretorias
e corpo técnico, no organograma
da Sedu. A consequência disso é
que algumas idéias são apenas
"vontade de criar programa", como disse uma técnica da pasta.
Para que as secretarias comecem a funcionar de fato, o ministério deve enviar nesta semana
para a Casa Civil o regimento da
pasta. Parte dos funcionários do
novo ministério precisa ser remanejada de outros departamentos.
Com um orçamento geral de R$
1,758 bilhão (incluindo seguridade), a pasta das Cidades também
recebeu 11 projetos da antiga Sedu, que serão readequados para
"garantir que possam ser executados dentro das finalidades", segundo o ministro Olívio Dutra.
Usando várias vezes as palavras
articular, coordenar e agir de forma integrada, o ministro não tem
pressa em obter resultados.
"Não estamos aqui nessa ansiedade de quantificar o tempo. Temos programa de governo e uma
visão de executar política de maneira integrada e integradora."
Em tom professoral, diz que é
preciso estimular a participação e
"isso não se define por decreto
nem no calendário gregoriano".
Ex-governador do Rio Grande
do Sul, Olívio Dutra tem concentrado esforços neste primeiro
mês, como ministro, na questão
habitacional. Indicou nomes para
diretorias ligadas a financiamento
habitacional na Caixa Econômica
Federal e acertou com Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) a criação
de um grupo que estuda a regularização fundiária.
Habitação
Faltam um programa nacional
de regularização de terras e um
mapeamento de áreas de risco
-idéia embrionária no ministério. De acordo com dados de
2000, o déficit habitacional urbano no Brasil é de 5,4 milhões de
unidades -o equivalente a 14,5%
dos 37,3 milhões de domicílios registrados naquele ano.
A informação consta do documento Política Nacional de Habitação, elaborado em 2002 por especialistas do governo e do setor
privado, sob o comando da Caixa
Econômica Federal.
A PNH, como foi chamada, traz
diretrizes e normas do setor, tratando desde o acesso à moradia
até a criação de um fundo para
subsidiar habitação para famílias
de baixa renda. Poderia apenas
ser adequada para tramitar mais
rápido, mas o ministro prefere dizer que está sendo avaliada.
Seguindo o discurso social do
governo, Olívio Dutra fala das diretrizes da CEF -que teve o presidente Jorge Mattoso indicado
pela prefeita Marta Suplicy
(PT)- dizendo que não predominará a orientação voltada para
o mercado.
Quando se fala em trânsito e saneamento, o ministro volta a citar
"estímulo e capacitação", mas
mantém com as prefeituras a responsabilidade pela gestão de problemas. Para ajudar, pensa na
criação do Conselho Nacional das
Cidades, ainda neste ano.
"[Assessoria, discussão" Tudo
isso vai possibilitando que as prefeituras sejam agentes e que conjuguemos esforços com governos
estaduais e União para resolver
problemas, não magicamente."
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