São Paulo, quarta, 27 de janeiro de 1999

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SECA
Medida visa agilizar obtenção de recursos e dispensar licitação de serviços para minorar problema, como perfurar poços
Falta d'água faz PE decretar emergência

Agência Lumiar
Crianças enchem recipientes com água em Vitória do Santo Antão (região metropolitana de Recife) para ter reserva do líquido racionado


FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

A crise no abastecimento de água provocada pela seca levou o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), a decretar "situação de emergência" na área da Grande Recife.
A medida, que deve agilizar a obtenção de recursos federais pelo Estado, permitirá ao governo acelerar os processos burocráticos para a realização de serviços considerados emergenciais, como perfuração de poços e compra, sem licitação, de material para obras.

Maior seca da história
A região metropolitana de Recife enfrenta o maior racionamento de água de sua história.
Desde o último dia 21 o fornecimento está restrito a apenas 20 horas a cada cinco dias, no sistema de rodízio por bairros.
Segundo a Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento), há risco de o racionamento ser ampliado ainda mais a partir da segunda quinzena de fevereiro, caso o nível dos reservatórios continue a baixar.
A barragem de Tapacurá, responsável pelo abastecimento de cerca de 60% da Grande Recife, está hoje com apenas 8,5% de sua capacidade, que é de 94 milhões de metros cúbicos.
Situação semelhante ocorre com o reservatório de Botafogo, que fornece água para os municípios situados ao norte na região metropolitana. A barragem, que pode estocar 27 milhões m3, mantém hoje apenas 5% desse volume.
Com o racionamento, a oferta de água em Recife caiu pela metade.
O fornecimento, que em períodos normais é de dez metros cúbicos por segundo, despencou para cinco. Cada metro cúbico equivale a mil litros.
Na última grande seca, ocorrida em 93, o volume de água na barragem de Tapacurá chegou a cair para 3,4%. O racionamento, no entanto, não foi tão severo quanto o deste ano.
Segundo a Compesa, isso ocorreu porque há seis anos o consumo era menor. Se o mesmo esquema de 93 fosse adotado hoje, segundo a companhia, o abastecimento entraria em colapso antes do período de chuvas.

Estado de prontidão
Na tentativa de evitar o agravamento da situação, o governador proibiu a cessão de servidores das áreas técnica e operacional da Compesa e restringiu a concessão de licenças e férias aos funcionários da estatal.
A empresa será obrigada ainda a manter seus serviços "em estado de prontidão interna" enquanto perdurar a emergência. Haverá também uma operação para localização de eventuais ligações clandestinas na rede de abastecimento.
O racionamento, adotado em agosto e ampliado duas vezes em cinco meses, será mantido por tempo indeterminado. Hospitais e escolas terão prioridade no abastecimento por carros-pipa.
"O principal problema do Nordeste hoje é a água, tanto para a produção quanto para o consumo humano", disse o governador Jarbas Vasconcelos.
O governador pernambuco se reuniu ontem, para discutir os efeitos da seca no Nordeste, com outros três colegas: Francisco Moraes Souza (PMDB), o Mão Santa, do Piauí, Garibaldi Alves (PMDB), do Rio Grande do Norte, e José Maranhão (PMDB), da Paraíba.



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