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RIO
Enredo da escola fala sobre Agotime, rainha do Daomé, que foi traída e vendida como escrava para o Brasil
Beija-Flor sai aclamada do sambódromo
ANTONIO CARLOS DE FARIA
DA SUCURSAL DO RIO
A Beija-Flor confirmou seu favoritismo e saiu aclamada do
sambódromo na primeira etapa
do desfile do Grupo Especial do
Rio de Janeiro.
A escola fez um desfile impecável, conseguindo conquistar o público, apesar de seu samba fazer
referência a uma figura pouco conhecida da história nacional.
O enredo falava sobre Agotime,
rainha do Daomé -atual Benin-, que foi traída e vendida como escrava para o Brasil.
Mesmo tendo saído já de manhã, a partir das 5h45, sem contar
com o efeito da iluminação artificial sobre os carros e fantasias, a
Beija-Flor, última escola a se apresentar, conseguiu fazer um desfile
elegante, no qual o principal mérito da escola foi o seu conjunto.
O único susto aconteceu na
concentração, quando o segundo
carro alegórico bateu num poste e
perdeu parte de sua lateral. O destaque do carro sofreu um ferimento na mão.
A Beija-Flor foi precedida pela
Portela, que mais uma vez fez
uma apresentação fraca, o que
pode colocá-la na mesma situação de risco vivida no ano passado, quando ficou em décimo lugar e quase desceu para o Grupo
de Acesso.
Os portelenses desfilaram sem
entusiasmo e muitos espaços livres foram formados durante sua
evolução, o que acabou provocando uma correria no final, para
evitar que a escola perdesse pontos por atraso.
O samba da Portela, "Querer É
Poder", tratou da possibilidade de
um mundo melhor, idéia que
também foi desenvolvida pela
Mocidade Independente, só que
de uma forma muito mais competitiva, o que a colocou como segunda preferida pelo público, ao lado do Salgueiro.
O carnavalesco da Mocidade,
Renato Lage, usou de muitos efeitos de luz e materiais metálicos,
com profusão de pratas e dourados, recursos que são sua marca
registrada.
O Salgueiro teve a mesma falta
de inovação, mas com grande
competência na execução do trivial. Os carros mais impactantes,
com cascatas de água caindo sobre o corpo seminu de mulheres
bonitas, lembravam idéias de antigos Carnavais.
O samba salgueirense é uma homenagem ao Pantanal e tem estribilho fácil de ser decorado, e foi logo cantado pelo público do
sambódromo. O mesmo artifício
de um refrão de fácil assimilação
foi usado pela Tradição, que escolheu homenagear Silvio Santos,
apresentador e empresário de TV.
O grande trunfo da Tradição foi
a presença do próprio apresentador, que logo no primeiro carro
da escola agitava o público como
se estivesse no seu auditório.
A única escola a propor algo de
novo no desfile foi a Unidos da Tijuca, que trouxe um enredo sobre
o jornalista e dramaturgo Nelson
Rodrigues.
Coerente com o espírito polêmico do homenageado, a escola
apresentou uma provocante comissão de frente que simulou o
ato sexual na avenida.
A performance do grupo fazia
referência a "Vestido de Noiva" e
"Bonitinha, Mas Ordinária", dois
dos textos consagrados de Nelson. Durante o desfile da escola,
houve vários momentos de nus
femininos, mas sempre justificados por uma competente adaptação do universo rodrigueano.
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