São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2004

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ACIDENTE

Fogo, que não deixou feridos, durou 12 horas em edifício de escritórios da Eletrobrás; Defesa Civil afasta risco de desabamento

Incêndio destrói 6 andares de prédio no Rio

Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
Fachada do edifício Herm. Stoltz, que pegou fogo na madrugada de ontem


FABIANA CIMIERI
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

Um incêndio que começou na madrugada de ontem e durou 12 horas destruiu totalmente os seis últimos andares do prédio da Eletrobrás, na esquina das avenidas Presidente Vargas e Rio Branco, uma das mais movimentadas do centro do Rio. Não houve feridos.
A Defesa Civil informou ontem que a estrutura do prédio não foi abalada e que não há risco de desabamento. O comandante da Defesa Civil do Estado, Carlos Alberto de Carvalho, afirmou, no entanto, que podem cair rebocos de concreto da fachada.
Cerca de 150 bombeiros combateram o incêndio, que só foi controlado por volta das 16h15. Até a conclusão desta edição, as causas do acidente eram desconhecidas.
As avenidas Presidente Vargas e Rio Branco ficaram interditadas nas proximidades do edifício por medida de segurança. Houve engarrafamento por toda a manhã.
Dos seis pisos destruídos, quatro eram da Eletrobrás, um da Sul América Capitalização e o outro servia ao uso comum. O Banco Real tinha salas do térreo ao sexto andar, que não foram atingidas.
O fogo começou por volta das 4h15, no 17º andar, onde ficam os departamentos internacional, de acompanhamento empresarial e de comunicação da Eletrobrás.
O Corpo de Bombeiros foi chamado às 4h36, por um funcionário da brigada de incêndio do edifício. De acordo com o relações-públicas da corporação, coronel Rony Alberto Azevedo, a equipe de combate chegou 16 minutos depois de receber o chamado.
Segundo a Eletrobrás, o primeiro foco foi logo controlado. Por volta das 6h, funcionários do departamento de informática entraram no prédio e teriam conseguido recuperar informações da rede de computadores da empresa.
Às 7h, uma explosão fez o fogo se propagar para os cinco andares superiores. Esquadrias das janelas e dos aparelhos de ar-condicionado derreteram. Os aparelhos caíram e vidraças explodiram.
"As labaredas ultrapassavam o prédio e caíam bolas de fogo e aparelhos de ar-condicionado", disse o empresário Carlos Eijoan, que chegou ao trabalho às 7h30.
Pelo menos outros oito prédios foram interditados pela Defesa Civil. A previsão é que os edifícios vizinhos sejam liberados hoje.
Às 11h10, o Corpo de Bombeiros anunciou que o fogo estava controlado, mas surgiram novos focos às 13h30 -no 20º andar- e às 15h15 ocorreu uma nova explosão, dessa vez no 21º andar.
Segundo o comandante da Capital do Corpo de Bombeiros, Francisco Carlos Bragança, há suspeita de que essa última explosão tenha sido provocada por um depósito de óleo diesel.
Para o engenheiro Reynaldo Barros, presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio, não há risco iminente de desabamento, mas há perigo na operação rescaldo: "Quando o ferro esfriar, irá se contrair, fragilizando o concreto, que pode se desfazer". Para ele, a solução será escorar ou demolir os andares comprometidos.
Sobre as causas do acidente, Barros disse que é possível que algum equipamento elétrico tenha ficado ligado desde sexta-feira, quando começou o Carnaval, e causado um curto-circuito.
Peritos do Instituto de Criminalística Carlos Ébole ainda farão uma avaliação, mas não descartam a hipótese de ato criminoso.
Segundo o coronel João Carlos Mariano, da Defesa Civil Municipal, o prédio poderá ser liberado parcialmente dentro de dez dias.
Bombeiros sofreram queimaduras leves, dois pedestres foram atingidos por estilhaços de vidro e uma mulher foi atropelada por um carro dos bombeiros quando olhava o acidente.
No início da noite, a imprensa teve acesso ao 17º e ao 18º andar. Os pavimentos ficaram completamente destruídos. Pilhas de papel queimado se juntavam a arquivos e móveis destruídos pelo incêndio, além de fios retorcidos pendurados pelas paredes.


Colaborou CHICO SANTOS, da Sucursal do Rio


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