FERNANDA BASSETTE
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS

Cerca de 800 portadores do vírus da Aids que são tratados no Hospital das Clínicas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) estão sem conseguir realizar dois exames para o acompanhamento da evolução do vírus.
Os kits para os exames estão em falta desde dezembro. A quantidade de pacientes soropositivos é controlada pela Secretaria de Estado da Saúde -responsável por fazer os pedidos ao Ministério da Saúde, que compra o material e repassa aos Estados.
De acordo com a coordenadora do HC da Unicamp, Cristina Alba Lalli, os exames CD4 e carga viral são realizados de três a quatro vezes por ano em todos os soropositivos para acompanhamento da evolução da doença.
A farmacêutica responsável pelo Centro Corsini (Centro de Controle e Investigação Imunológica) de Campinas -que coleta o sangue dos pacientes e envia para análise da Unicamp- ,Thaís Helena Chiaconi Javarez, disse que o fato de o portador de Aids não realizar os exames pode prejudicar o andamento do tratamento.
"São esses dois exames que dizem se o paciente está respondendo positivamente ou não ao tratamento. Se isso não for feito, não temos como saber a evolução da doença", disse Javarez.
"A entrega do material foi interrompida em dezembro, e estávamos realizando alguns exames com os kits existentes. Agora, acabou mesmo", disse Lalli.
A determinação da Unicamp, segundo Lalli, é que as unidades de saúde parem de fazer as coletas de sangue nos pacientes até que a distribuição do material reagente seja normalizada.

Outro lado
Os kits são distribuídos pelo Ministério da Saúde, que os entrega para a Secretaria de Estado da Saúde. Esta, por sua vez, faz a distribuição para os municípios.
O Ministério da Saúde informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que enviou um lote emergencial de 6.096 testes para exames de carga viral e 13.100 testes para contagem de CD4 ao Estado de São Paulo.
Segundo a assessoria, cabe ao Estado organizar e controlar a quantidade de kits, pois o repasse é feito trimestralmente, conforme a série histórica de exames realizados no trimestre anterior.
A Secretaria de Estado da Saúde informou, por meio da assessoria de imprensa, que em janeiro houve "excesso de demanda". A assessoria disse ainda que a distribuição será totalmente normalizada na segunda-feira.


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