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GUERRA À GORDURA
Seguindo as mulheres, eles cada vez mais se preocupam com o peso e adotam dietas para emagrecer
Homens correm atrás do corpo perdido
DEBORAH GIANNINI
DA REVISTA DA FOLHA
Sentado em frente a um copo de
chope e uma porção de picanha, o
engenheiro Juliano Oliveira, 29,
explica: "Comecei a fazer dieta há
uma semana, mas estou dando
um tempo hoje porque encontrei
amigos da época da faculdade. Pô,
tantos dias comendo salada e você foi aparecer logo agora", diz ele
à Revista, em plena happy hour
num bar de São Paulo.
A história de Juliano é a de sempre (e de muitos). Depois do casamento, ele viu seu peso saltar de
73 kg para 90 kg. Dezessete quilos
fazem estrago em qualquer silhueta -ainda mais na dele, que
mede 1,69 m. "Essa história do
metrossexual não é a minha, evidentemente. Mas, quando vejo
um senhor gordão, penso: "Não
quero ficar assim!"."
Há 30 anos, o problema de excesso de peso era praticamente
inexistente na população masculina. De 1974 a 2003, porém, saltou de 18,6% para 41% o percentual de brasileiros com IMC (índice de massa corporal) acima de
25, segundo o IBGE. Hoje, na faixa dos 20 aos 44 anos, o sobrepeso
já é mais freqüente entre eles do
que entre elas.
O problema é que, se boa parte
das mulheres vive de regime, a
maioria dos homens mal diferencia alface de acelga. Com essa falta
de familiaridade, colecionam
equívocos e histórias divertidas.
O caso do representante comercial Kleber Bergamasco, 33, e do
securitário Sidney Sizanoski, 40, é
emblemático: a dupla transformou o regime em competição,
com direito a planilha para acompanhar o desempenho dos contendores e prêmios ao vencedor.
Havia até regulamento, determinando que se pesassem na mesma
balança e com a mesma roupa.
O troféu era um atentado a
qualquer dieta. Quem conseguisse emagrecer mais no primeiro
mês ganharia uma caixa de cerveja; o vencedor do segundo levaria
uma garrafa de uísque. Kleber,
1,76 m e 97,7 kg, levou a cerveja;
Sidney, 1,70 m e 97,2 kg, emagreceu 10 kg a mais que o concorrente e ficou com o uísque. "Mas ele
jogou sujo, tomou laxante", denuncia Kleber. Sidney admite o
golpe. "Foi só para dar uma regulada no intestino, porque regime
pesado tranca tudo", defende-se.
A vantagem dos homens é que
perdem peso com mais facilidade
que as mulheres. Isso ocorre pelo
estrógeno, o hormônio feminino.
"Por causa dele, a mulher tem
mais tecido gorduroso, é curvilínea. E o homem, graças à testosterona, o hormônio masculino, tem
mais massa muscular. Esse tecido
gorduroso que ele perde é como
se não lhe pertencesse. Já a gordura é algo que faz parte do organismo feminino", diz o endocrinologista Antônio Chacra.
Outro fator positivo na dieta
masculina é o que Chacra chama
de "objetividade do homem". "Eu
digo: "Você vai perder 10% do peso". Ele faz as contas e encara como se estivesse no trabalho."
Com a mesma facilidade com
que perdem, eles recuperam. A
mulher, satisfeita com o resultado, mantém a dieta. Já o homem,
após atingir o objetivo, relaxa. "É
como se tivesse fechado um negócio", compara. Mas um negócio
sem fim, como as mulheres estão
cansadas de saber.
Colaborou PAULO SAMPAIO, da Revista
da Folha
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