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ARTE PERDIDA
Obra foi danificada quando segurança do museu do Rio, roubado na sexta, tentava tirá-la das mãos de um dos bandidos
Quadro de Picasso foi perfurado, diz vigia
FERNANDO MAGALHÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
O quadro "A Dança" (1956), de
Pablo Picasso, foi perfurado no
momento em que o vigia Roberto
Rodrigues Machado, 61, tentou
retirar da mão de um dos bandidos a obra do Museu Chácara do
Céu, em Santa Teresa (região central do Rio). A informação, obtida
após depoimento de Machado, foi
divulgada ontem pela Polícia Federal, que investiga o crime, ocorrido na sexta-feira passada.
Além do quadro de Picasso, outras três telas foram levadas: "Os
Dois Balcões" (1929), de Salvador
Dalí, "Marine" (1880-1890), de
Claude Monet, e "Jardim de Luxemburgo" (1903), de Henri Matisse. Os bandidos levaram ainda
um livro de gravuras de Picasso.
Os ladrões renderam e assaltaram ainda um taxista, duas turistas australianas -que tiveram as
câmeras fotográficas e US$ 1.800
(cerca de R$ 3.840) roubados-,
um guia de turismo brasileiro e
um casal da Nova Zelândia. Estavam com metralhadoras e uma
granada e deram uma coronhada
no vigia Roberto Machado.
A invasão ao museu ocorreu no
dia em que o bloco dos Carmelitas, um dos mais famosos do Rio e
que leva cerca de 10 mil pessoas às
ruas, passava pelo bairro. O grupo
aproveitou a confusão para fugir.
Esclarecimentos
A diretora do Museu da Chácara do Céu, Vera de Alencar, será
intimada a depor na Superintendência da Polícia Federal sobre o
assalto. De acordo com a PF, ela
será chamada para dar informações sobre a estrutura de segurança do local, já que até ontem não
havia comparecido para prestar
esclarecimentos que pudessem
ajudar nas investigações.
A delegada Isabelle Vasconcellos, da Delemaph (Delegacia de
Repressão a Crimes contra o Meio
Ambiente e Patrimônio Cultural),
disse ontem que os quadros estão
nos limites da cidade do Rio e que
portos, aeroportos e a Polícia Rodoviária já receberam alerta.
Há a suspeita de que o roubo
das obras tenha sido encomendado por colecionadores. Para evitar
que elas deixem o país, a Interpol
Brasil enviou comunicado para
182 países, alertando sobre o fato.
Com o objetivo de facilitar a localização dos quadros, a Associação de Amigos do Museu e o Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional (Iphan) está
oferecendo a recompensa de R$
10 mil por informações que levem
a polícia a encontrar as obras.
Anteontem, a PF divulgou os retratos falados de 2 dos 4 homens
que roubaram os quadros. Um
deles seria mulato e teria cabelos
lisos, conforme foi descrito por
funcionários do museu.
As telas foram doadas ao museu
pelo empresário e mecenas Raimundo de Castro Maya (1894-1968). Ele vivia na mansão onde
fica o Chácara do Céu. Parte de
sua coleção fica em outro dos chamados museus Castro Maya.
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