São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006

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ARTE PERDIDA

Obra foi danificada quando segurança do museu do Rio, roubado na sexta, tentava tirá-la das mãos de um dos bandidos

Quadro de Picasso foi perfurado, diz vigia

FERNANDO MAGALHÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

O quadro "A Dança" (1956), de Pablo Picasso, foi perfurado no momento em que o vigia Roberto Rodrigues Machado, 61, tentou retirar da mão de um dos bandidos a obra do Museu Chácara do Céu, em Santa Teresa (região central do Rio). A informação, obtida após depoimento de Machado, foi divulgada ontem pela Polícia Federal, que investiga o crime, ocorrido na sexta-feira passada.
Além do quadro de Picasso, outras três telas foram levadas: "Os Dois Balcões" (1929), de Salvador Dalí, "Marine" (1880-1890), de Claude Monet, e "Jardim de Luxemburgo" (1903), de Henri Matisse. Os bandidos levaram ainda um livro de gravuras de Picasso.
Os ladrões renderam e assaltaram ainda um taxista, duas turistas australianas -que tiveram as câmeras fotográficas e US$ 1.800 (cerca de R$ 3.840) roubados-, um guia de turismo brasileiro e um casal da Nova Zelândia. Estavam com metralhadoras e uma granada e deram uma coronhada no vigia Roberto Machado.
A invasão ao museu ocorreu no dia em que o bloco dos Carmelitas, um dos mais famosos do Rio e que leva cerca de 10 mil pessoas às ruas, passava pelo bairro. O grupo aproveitou a confusão para fugir.

Esclarecimentos
A diretora do Museu da Chácara do Céu, Vera de Alencar, será intimada a depor na Superintendência da Polícia Federal sobre o assalto. De acordo com a PF, ela será chamada para dar informações sobre a estrutura de segurança do local, já que até ontem não havia comparecido para prestar esclarecimentos que pudessem ajudar nas investigações.
A delegada Isabelle Vasconcellos, da Delemaph (Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e Patrimônio Cultural), disse ontem que os quadros estão nos limites da cidade do Rio e que portos, aeroportos e a Polícia Rodoviária já receberam alerta.
Há a suspeita de que o roubo das obras tenha sido encomendado por colecionadores. Para evitar que elas deixem o país, a Interpol Brasil enviou comunicado para 182 países, alertando sobre o fato.
Com o objetivo de facilitar a localização dos quadros, a Associação de Amigos do Museu e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) está oferecendo a recompensa de R$ 10 mil por informações que levem a polícia a encontrar as obras.
Anteontem, a PF divulgou os retratos falados de 2 dos 4 homens que roubaram os quadros. Um deles seria mulato e teria cabelos lisos, conforme foi descrito por funcionários do museu.
As telas foram doadas ao museu pelo empresário e mecenas Raimundo de Castro Maya (1894-1968). Ele vivia na mansão onde fica o Chácara do Céu. Parte de sua coleção fica em outro dos chamados museus Castro Maya.


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