São Paulo, segunda-feira, 27 de fevereiro de 2006 |
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CARNAVAL 2006 Por causa das brigas nos principais circuitos da folia, Carlinhos Brown chamou a atenção do ministro e cobrou providências Salvador tem morte e brigas; Brown cobra Gil
LUIZ FRANCISCO DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR AFRA BALAZINA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR Inconformado com as constantes brigas nos principais circuitos da folia baiana, o cantor Carlinhos Brown, 44, chamou a atenção do ministro da Cultura, Gilberto Gil, 63, e cobrou providências. Já houve duas mortes no Carnaval de Salvador neste ano. Brow exigiu também o fim das cordas -medida encontrada para preservar a segurança de quem paga até R$ 2.000 para desfilar por três dias. Segundo ele, é uma medida segregacionista que protege apenas quem tem dinheiro. "Tem que educar o povo o ano inteiro, e não apenas só sete dias por ano", disse, ao se aproximar do camarote do ministro, no circuito Barra-Ondina, em Salvador, na noite de anteontem. Gil, que estava na sacada, com um microfone nas mãos, nada disse, mas fez menção de concordar. A Folha tentou falar com ele, mas, até o fechamento desta edição, não conseguiu. Depois, Brown disse que os blocos precisam encontrar uma alternativa para tornar a folia mais democrática. "É preciso acabar com esse apartheid escroto." Para acompanhar o trio de Brown, a Timbalada, o folião gastou pelo menos R$ 750 com a compra do abadá, por três dias. Ele, porém, se apresentou de graça na quinta e sexta-feiras. Segundo policiais, as mulheres são as maiores vítimas. "Os homens agarram os seus cabelos, tentam beijá-las à força e acabam brigando com os seus namorados ou maridos", disse um PM. Daniela Mercury, que se exibia num trio pouco à frente de Brown, também ficou revoltada ao ver um garoto de 15 anos ser agredido a socos e pontapés. "Há 20 anos participo do Carnaval e isso nunca aconteceu." De fato, o Carnaval de Salvador é uma festa de classes sociais. Quem tem dinheiro compra os abadás e participa com segurança, pois só entra no espaço quem tem a fantasia -com exceção dos trios independentes, os demais blocos contratam "cordeiros". "Não temos espaço para brincar. O Carnaval privatizou o espaço público. Só se diverte quem tem dinheiro para pagar uma fantasia ou camarote", disse a estudante Cláudia Cerqueira, 18. "Vocês, autoridades, têm que ver e resolver isso aqui, viu ministro?", disse Brown a Gil. "Têm de filmar isso aqui e não ficar escondendo. Isso aqui é a verdadeira Bahia." Os apelos não foram suficientes para impedir que a estudante Luciane Rodrigues Silva (leia texto nesta página) fosse morta na madrugada de ontem. Fim da tradição Ontem, os principais blocos e trios elétricos desfilaram no mais conhecido circuito da folia baiana, os três quilômetros que ligam o Campo Grande à praça da Sé. Em cima do trio Coruja, Ivete Sangalo arrastou cerca de 3.500 foliões e fez cantar e dançar as 10 mil pessoas nas arquibancadas. Os Filhos de Gandhy quebraram uma tradição de mais de 40 anos. Seus integrantes desfilaram com turbantes azuis -desde 1960, a roupa era totalmente branca. Texto Anterior: Mortes Próximo Texto: Rapaz atira a esmo e acerta uma estudante Índice |
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