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FGV vai acabar com eleição para diretor
Antes, direção da Escola de Administração de São Paulo era escolhida por Congregação, formada por cerca de 200 pessoas
Intenção é que seleção, a partir de agora, seja feita por um comitê mais restrito; professores e estudantes são contrários à decisão
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Fundação Getulio Vargas
decidiu acabar com as eleições
para diretor da sua Escola de
Administração de São Paulo,
uma das faculdades mais tradicionais do país.
A escolha do dirigente da instituição, fundada em 1954, era
tradicionalmente feita pela
Congregação, órgão que reúne
cerca de 200 pessoas, entre docentes, alunos e funcionários.
A próxima seleção deveria
ocorrer entre abril e maio, para
substituição do diretor Fernando Meirelles (que teria direito a tentar sua reeleição).
A intenção é que o diretor seja agora escolhido por um comitê, mais restrito que a Congregação. Os moldes ainda não
foram divulgados. A Universidade Harvard, nos EUA, é uma
das que seguem o modelo.
As direções da fundação e da
escola não se pronunciaram sobre as medidas. Segundo a assessoria, a mudança faz parte
de uma reestruturação mais
ampla, que envolve as faculdades de economia e de direito.
Uma posição oficial, ainda de
acordo com a assessoria, será
dada quando o processo estiver
finalizado, o que deverá ocorrer
nas próximas semanas.
Apesar de ser uma instituição privada, a escola de administração da FGV-SP tem uma
organização semelhante às universidades públicas: democracia interna (cujo destaque é a
forma de escolha do diretor) e
um órgão de representação forte (a Congregação), que discute
e delibera sobre as principais
decisões da escola.
Esse modelo, segundo professores e estudantes, faz com
que docentes e pesquisadores
tenham liberdade para abordar
qualquer tema, mesmo que desagrade aos dirigentes da instituição. Nas universidades particulares, em geral, a comunidade acadêmica não possui tal
autonomia -as decisões ficam
centradas nos mantenedores.
Desde o ano passado, quando
17 professores foram demitidos
sem consulta à Congregação,
setores da escola reclamam que
a fundação pretende diminuir
essa liberdade na faculdade.
A presidência da fundação
informou o fim da eleição no
último dia 8, em uma reunião
com um grupo de professores,
segundo a Folha apurou.
Alguns presentes se mostraram contrários à decisão. Um
dos argumentos foi que a mudança pode interferir no envolvimento e no comprometimento dos profissionais.
Ainda segundo a apuração da
Folha, a direção da fundação
afirmou que não haveria recuo
na decisão, mas que está aberta
a sugestões ao novo modelo.
"O que nos preocupa é a forma como a mudança ocorreu.
Foi imposta, a apenas quatro
meses do final do mandato da
atual direção", disse o presidente do diretório acadêmico,
Cassio Puterman.
O curso de administração da
FGV-SP possui cerca de 1.600
alunos e 300 professores.
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