|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"A situação é de caos; os banheiros não funcionam", disse passageira do navio
DA REPORTAGEM LOCAL
Após ficar cerca de 20 horas
sem refeição quente, energia
elétrica ou banheiro limpo, a
produtora Gisela Alves Lopes,
34, chamou de "caos" o fim de
sua estada no cruzeiro Costa
Romantica, a caminho de Buenos Aires, em uma viagem que
deveria terminar ontem. "Agora eu só quero é sair daqui",
afirmou a produtora.
A seguir, trechos da entrevista dada por ela à reportagem da
Folha:
(WILLIAN VIEIRA)
FOLHA - Agora [às 13h30 de ontem], como está a situação dos passageiros no navio?
GISELA ALVES LOPES - Estamos à
deriva, sem energia, os banheiros não funcionam, não tem
água. Meu filho de cinco anos
não está comendo nada, porque
ele é ruim de comer e aqui os
sanduíches servidos são frios,
de salaminho, e eu não sou louca de dar pra ele um salaminho
que eu não sei qual procedência
tem, que tipo de armazenamento teve com esses problemas todos. Ele só está comendo
biscoito cream cracker, que eu
trouxe na bagagem. Enfim, a situação de todos é um caos.
FOLHA - A empresa responsável
pelo navio deu alguma perspectiva
de quando os passageiros chegarão
ao seu destino final -no seu caso,
Buenos Aires?
LOPES - Não. Eles fizeram uma
reunião e o comandante disse
que às 16h30 chegariam barcos
de suporte para levar 450 pessoas cada um [o navio, na realidade, foi consertado e seguiu
viagem]. Mas não cabe todo
mundo, esses navios farão várias viagens. Daqui vamos para
Punta [del Este], de lá vão botar
a gente num ônibus para Montevidéu e de lá vamos [de ônibus] para Buenos Aires. Ao menos é isso que eles falam. [A informação não foi confirmada
pela empresa responsável até
as 20h de ontem]. Enfim, é um
absurdo. Eles não dão estimativa de quanto tempo vai levar
para desembarcar todo mundo.
Aqui tem muita criança, muito
idoso, cadeirantes e portadores
de necessidades especiais.
FOLHA - E o que você fará, depois,
para ser recompensada financeiramente pela empresa?
LOPES - Honestamente, agora
eu não estou pensando nisso.
Na hora em que vi aquelas labaredas, quando começou o fogo e
a fumaça, eu entrei em desespero, eu só pensava na minha
vida, na vida do meu filho e do
meu marido.
Pensei que podia morrer. A
gente não está pensando em
nada disso [ressarcimento financeiro por possíveis perdas
com hospedagem e passagens
aéreas]; depois a gente pensa
nisso, vê os prejuízos.
Agora eu só quero sair daqui,
chegar em segurança, com a
minha família.
Texto Anterior: Direitos: Quem não quiser acordo pode ir à justiça, diz Idec Próximo Texto: Frase Índice
|