São Paulo, sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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"A situação é de caos; os banheiros não funcionam", disse passageira do navio

DA REPORTAGEM LOCAL

Após ficar cerca de 20 horas sem refeição quente, energia elétrica ou banheiro limpo, a produtora Gisela Alves Lopes, 34, chamou de "caos" o fim de sua estada no cruzeiro Costa Romantica, a caminho de Buenos Aires, em uma viagem que deveria terminar ontem. "Agora eu só quero é sair daqui", afirmou a produtora. A seguir, trechos da entrevista dada por ela à reportagem da Folha: (WILLIAN VIEIRA)

 

FOLHA - Agora [às 13h30 de ontem], como está a situação dos passageiros no navio?
GISELA ALVES LOPES
- Estamos à deriva, sem energia, os banheiros não funcionam, não tem água. Meu filho de cinco anos não está comendo nada, porque ele é ruim de comer e aqui os sanduíches servidos são frios, de salaminho, e eu não sou louca de dar pra ele um salaminho que eu não sei qual procedência tem, que tipo de armazenamento teve com esses problemas todos. Ele só está comendo biscoito cream cracker, que eu trouxe na bagagem. Enfim, a situação de todos é um caos.

FOLHA - A empresa responsável pelo navio deu alguma perspectiva de quando os passageiros chegarão ao seu destino final -no seu caso, Buenos Aires?
LOPES
- Não. Eles fizeram uma reunião e o comandante disse que às 16h30 chegariam barcos de suporte para levar 450 pessoas cada um [o navio, na realidade, foi consertado e seguiu viagem]. Mas não cabe todo mundo, esses navios farão várias viagens. Daqui vamos para Punta [del Este], de lá vão botar a gente num ônibus para Montevidéu e de lá vamos [de ônibus] para Buenos Aires. Ao menos é isso que eles falam. [A informação não foi confirmada pela empresa responsável até as 20h de ontem]. Enfim, é um absurdo. Eles não dão estimativa de quanto tempo vai levar para desembarcar todo mundo. Aqui tem muita criança, muito idoso, cadeirantes e portadores de necessidades especiais.

FOLHA - E o que você fará, depois, para ser recompensada financeiramente pela empresa?
LOPES
- Honestamente, agora eu não estou pensando nisso. Na hora em que vi aquelas labaredas, quando começou o fogo e a fumaça, eu entrei em desespero, eu só pensava na minha vida, na vida do meu filho e do meu marido.
Pensei que podia morrer. A gente não está pensando em nada disso [ressarcimento financeiro por possíveis perdas com hospedagem e passagens aéreas]; depois a gente pensa nisso, vê os prejuízos.
Agora eu só quero sair daqui, chegar em segurança, com a minha família.


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