São Paulo, Sábado, 27 de Fevereiro de 1999
Próximo Texto | Índice

CORRUPÇÃO
Suposto atirador também é ambulante e vende bonés na região central; polícia deteve ainda outro capitão PM
Preso suspeito de atirar em camelô

SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local

A Polícia Civil prendeu no final da tarde de ontem um homem acusado de ser o responsável pelo tiro dado no ambulante Afonso José da Silva, 29, no último sábado, dia 20.
O suspeito, M.H.S.B, é camelô e vende bonés na região central de São Paulo. Até as 19h de ontem, ele não havia sido ouvido pela polícia.
Afonso Silva é um dos ambulantes que denunciou um esquema de extorsão e corrupção praticado contra comerciantes e ambulantes da área do largo da Concórdia, região da Administração Regional da Sé (centro de SP).
A polícia investiga a hipótese de a tentativa de homicídio ter sido uma queima de arquivo.
No dia anterior ao crime, Afonso Silva havia procurado o Ministério Público para dizer aos promotores que investigam a máfia dos fiscais que estava sendo ameaçado por policiais militares lotados na companhia do largo da Concórdia.
Ao contrário das informações contidas no retrato falado do atirador, o preso é negro, não pardo, como havia sido descrito.

Corrupção
Também no final da tarde de ontem, mais um policial militar foi preso sob acusação de participar do esquema de extorsão a ambulantes do largo da Concórdia.
O capitão Cláudio Marcos Diogo foi apontado como integrante do esquema por um outro capitão, Carlos Alberto Paulino, que já havia sido detido anteontem.
Segundo as denúncias de Paulino, o capitão Diogo extorquia ambulantes e arrecadava dinheiro de comerciantes da região, alegando que seria usado para retirar camelôs da área.
A arrecadação seria era entregue para o presidente da Associação dos Comerciantes do Brás, Wehbe Dawalibi, o Jô, que já teve a prisão temporária decretada e está foragido. Jô nega, por intermédio do advogado, todas as acusações.
O capitão Diogo era diretor de assuntos estratégicos da associação de Jô.
Os dois capitães são acusados de concussão (exigir vantagem para deixar de cumprir função pública) e formação de quadrilha. Paulino nega os crimes e Diogo só prestaria depoimento durante a noite.
Pelos mesmos motivos, também estão presos o sargento Sólon Rodrigues e o soldado João Alexandre Passos Fernandes.
Passos ainda é suspeito de ter participado de um segundo atentado ocorrido no sábado passado contra outro denunciante da máfia dos fiscais.


Próximo Texto: Atentado a fiscal pode ser roubo
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.