São Paulo, Sábado, 27 de Fevereiro de 1999
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Escola só tem policial à tarde

GONZALO NAVARRETE
da Reportagem Local

Apesar de fazer parte do programa de policiamento escolar, a EEPSG Maria Montessori estava sem nenhum policial militar na hora em que o aluno foi assassinado por um colega na porta da escola. Uma policial fica no local das 15h às 23h, que é o horário considerado mais crítico.
O Comando de Policiamento Feminino da Polícia Militar, responsável pela segurança nas 1.015 escolas da rede estadual, informou que o problema se deve à falta de efetivo.
"Toda a rede estadual da capital tem pelo menos um policial fixo para cuidar da segurança interna e externa", disse a comandante do Policiamento Feminino de São Paulo, Vitória Brasília de Sousa Lima. "Mas o efetivo não é suficiente para cobrir o dia inteiro. Por isso, priorizamos os horários mais críticos."
A comandante admitiu que o estudante que matou o seu colega poderia ter entrado armado na escola, apesar da existência de um policial fixo no local.
Isso porque os policiais não podem revistar os alunos, com exceção dos casos de suspeita de porte de arma ou denúncias. "Se fôssemos revistar todos os alunos, estaríamos desrespeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente e também sujeitando os estudantes a um constrangimento", disse a comandante.
"O cidadão não pode ser revistado sem nenhum motivo. Além disso, o policial está na escola para proteger o aluno de agentes externos. O aluno não é um suspeito."
Tanto a Polícia Militar quanto a Secretaria de Estado da Educação classificaram a EEPSG Maria Montessori como uma escola "tranquila", sem registros de violência ou tráfico de drogas. Segundo a secretaria, tem 1.963 alunos. A maioria é de classe média. A escola oferece três turnos (manhã, tarde e noite) para o 1º grau (5ª até 8ª série) e 2º grau.
O programa de policiamento escolar existe desde fevereiro de 1997. O policiamento é feito com um efetivo de 1.700 policiais, dos quais 1.500 ficam fixos em 989 escolas da rede estadual. Segundo o comando, 300 policiais femininas estão sendo treinadas para reforçar o programa até o fim de abril.


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