São Paulo, terça-feira, 27 de março de 2007

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Após 1 mês, FAB libera aparelho em Cumbica

Equipamento que auxilia pousos foi atingido por um raio em 25 de fevereiro e fez aeroporto fechar ontem pelo 3º dia consecutivo

Aeronáutica e Infraero trocaram farpas sobre a responsabilidade pela demora no conserto; 15,4% dos vôos atrasaram no país

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

Um equipamento de auxílio aos pousos dos aviões que estava desativado no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos (Grande São Paulo), só voltou a funcionar ontem à tarde, praticamente um mês após ter sido danificado e no terceiro dia consecutivo em que a sua ausência agravou atrasos em vôos internacionais e nacionais.
A liberação do aparelho foi dada às 14h30 pela FAB (Força Aérea Brasileira), em meio a uma troca de farpas da instituição com a Infraero (empresa que administra os aeroportos), ambas ligadas ao governo federal, sobre a responsabilidade pela demora do conserto.
O equipamento cuja falta levou à suspensão de pousos em Guarulhos em momentos de neblina é chamado de ILS e orienta pilotos para a posição e a inclinação da aeronave quando ela se aproxima da pista.
Sem ele, os pilotos dependem de boas condições meteorológicas para ver a pista e conseguir pousar -situação que não foi favorável devido ao nevoeiro da manhã dos últimos dias.
Ontem, diante do problema, Cumbica fechou para pousos das 5h25 às 7h40, levando ao remanejamento de 11 chegadas pela manhã e contribuindo para atrasar ao menos 20% dos 450 vôos do dia -no país inteiro, 15,4% tiveram atraso superior a uma hora até as 18h.
O aparelho danificado -há outros ILSs em Guarulhos, mas em outros pontos da pista e com atribuições diferentes- foi atingido por um raio em 25 de fevereiro. A Infraero afirma que ele foi consertado em três dias, mas que a liberação para que pudesse voltar a funcionar ainda dependia de testes e da homologação, a cargo da FAB.
Uma aeronave militar laboratório, que seria responsável pela liberação final do ILS, esteve em Cumbica no começo de março, mas enfrentou problemas com seu trem de pouso, não terminou os trabalhos nem foi substituída imediatamente, segundo a versão da Infraero.
"Não temos domínio sobre os outros organismos que fazem parte do sistema", afirmou ontem Edgard Brandão Júnior, superintendente da empresa na Regional Sudeste. "O duro é quando sai da Infraero e temos de ficar aguardando outras entidades", disse ele, em relação às atividades de manutenção e negando ter havido qualquer atraso no reparo pela empresa.
"Acredito que não tenha muita disponibilidade de aeronaves", completou Brandão Júnior, em relação ao fato de a Aeronáutica só ter enviado ontem uma nova equipe para finalizar os testes e fazer a homologação.
O ministro da Defesa, Waldir Pires, responsável pela FAB, havia determinado à Infraero sindicância para apurar a demora. Em carta, disse que "os responsáveis" "deverão ser afastados de função e logo substituídos interinamente e submetidos ao processo administrativo" ou até mesmo "demitidos exemplarmente".
Ontem a FAB divulgou nota afirmando que, no começo do mês, foi feita a verificação do ILS, mas que ele "não passou nos testes e teve de retornar ao estágio de reparo". A Infraero alega que a necessidade de ajustes desse tipo são normais.
A FAB também afirmou que a aeronave que teve problema no trem de pouso foi substituída, mas que as condições climáticas impediram a realização do trabalho na semana passada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou as autoridades federais ligadas à aviação civil para uma reunião hoje, ao lado do ministro da Defesa, que recebeu ontem um relatório preliminar da Infraero apontando a responsabilidade da Aeronáutica nos atrasos.

Raio
O superintendente Brandão Júnior afirmou que aparelhos ILS do aeroporto internacional de Cumbica já foram danificados por raios "duas ou três vezes" nos últimos cinco anos.
A Infraero nega fragilidade no sistema de proteção. Diz que a intensidade do raio de 25 de fevereiro foi grande. Afirma ainda que há 52 pára-raios nos pontos mais altos do aeroporto, além de outro modelo instalado em todas as edificações.
A volta do ILS que estava inoperante, segundo Brandão Júnior, deve evitar a partir de agora a suspensão de pousos em Guarulhos por nevoeiro.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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