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Após 1 mês, FAB libera aparelho em Cumbica
Equipamento que auxilia pousos foi atingido por um raio em 25 de fevereiro e fez aeroporto fechar ontem pelo 3º dia consecutivo
Aeronáutica e Infraero trocaram farpas sobre a responsabilidade pela demora no conserto; 15,4% dos vôos atrasaram no país
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um equipamento de auxílio
aos pousos dos aviões que estava desativado no aeroporto de
Cumbica, em Guarulhos
(Grande São Paulo), só voltou a
funcionar ontem à tarde, praticamente um mês após ter sido
danificado e no terceiro dia
consecutivo em que a sua ausência agravou atrasos em vôos
internacionais e nacionais.
A liberação do aparelho foi
dada às 14h30 pela FAB (Força
Aérea Brasileira), em meio a
uma troca de farpas da instituição com a Infraero (empresa
que administra os aeroportos),
ambas ligadas ao governo federal, sobre a responsabilidade
pela demora do conserto.
O equipamento cuja falta levou à suspensão de pousos em
Guarulhos em momentos de
neblina é chamado de ILS e
orienta pilotos para a posição e
a inclinação da aeronave quando ela se aproxima da pista.
Sem ele, os pilotos dependem
de boas condições meteorológicas para ver a pista e conseguir pousar -situação que não
foi favorável devido ao nevoeiro da manhã dos últimos dias.
Ontem, diante do problema,
Cumbica fechou para pousos
das 5h25 às 7h40, levando ao
remanejamento de 11 chegadas
pela manhã e contribuindo para atrasar ao menos 20% dos
450 vôos do dia -no país inteiro, 15,4% tiveram atraso superior a uma hora até as 18h.
O aparelho danificado -há
outros ILSs em Guarulhos, mas
em outros pontos da pista e
com atribuições diferentes-
foi atingido por um raio em 25
de fevereiro. A Infraero afirma
que ele foi consertado em três
dias, mas que a liberação para
que pudesse voltar a funcionar
ainda dependia de testes e da
homologação, a cargo da FAB.
Uma aeronave militar laboratório, que seria responsável
pela liberação final do ILS, esteve em Cumbica no começo de
março, mas enfrentou problemas com seu trem de pouso,
não terminou os trabalhos nem
foi substituída imediatamente,
segundo a versão da Infraero.
"Não temos domínio sobre os
outros organismos que fazem
parte do sistema", afirmou ontem Edgard Brandão Júnior,
superintendente da empresa
na Regional Sudeste. "O duro é
quando sai da Infraero e temos
de ficar aguardando outras entidades", disse ele, em relação
às atividades de manutenção e
negando ter havido qualquer
atraso no reparo pela empresa.
"Acredito que não tenha
muita disponibilidade de aeronaves", completou Brandão Júnior, em relação ao fato de a Aeronáutica só ter enviado ontem
uma nova equipe para finalizar
os testes e fazer a homologação.
O ministro da Defesa, Waldir
Pires, responsável pela FAB,
havia determinado à Infraero
sindicância para apurar a demora. Em carta, disse que "os
responsáveis" "deverão ser
afastados de função e logo
substituídos interinamente e
submetidos ao processo administrativo" ou até mesmo "demitidos exemplarmente".
Ontem a FAB divulgou nota
afirmando que, no começo do
mês, foi feita a verificação do
ILS, mas que ele "não passou
nos testes e teve de retornar ao
estágio de reparo". A Infraero
alega que a necessidade de ajustes desse tipo são normais.
A FAB também afirmou que
a aeronave que teve problema
no trem de pouso foi substituída, mas que as condições climáticas impediram a realização do
trabalho na semana passada.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou as autoridades federais ligadas à aviação
civil para uma reunião hoje, ao
lado do ministro da Defesa, que
recebeu ontem um relatório
preliminar da Infraero apontando a responsabilidade da
Aeronáutica nos atrasos.
Raio
O superintendente Brandão
Júnior afirmou que aparelhos
ILS do aeroporto internacional
de Cumbica já foram danificados por raios "duas ou três vezes" nos últimos cinco anos.
A Infraero nega fragilidade
no sistema de proteção. Diz que
a intensidade do raio de 25 de
fevereiro foi grande. Afirma
ainda que há 52 pára-raios nos
pontos mais altos do aeroporto,
além de outro modelo instalado em todas as edificações.
A volta do ILS que estava inoperante, segundo Brandão Júnior, deve evitar a partir de agora a suspensão de pousos em
Guarulhos por nevoeiro.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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