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População carcerária cresce 67% em 4 anos
Entre 2002 e 2006, o número de pessoas presas passou de 239.345 para 401.236
Do total de presos no país, 114.423 (36%) estão concentrados em unidades do Estado de São Paulo; homens são mais de 90%
FELIPE SELIGMAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A população carcerária brasileira aumentou 67,65% no primeiro mandato do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, de
acordo com dados do Infopen
(Sistema Integrado de Informações Penitenciárias) do Depen (Departamento Penitenciário Nacional).
Em 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, o sistema carcerário abrigava 239.345 pessoas -entre
homens e mulheres. Em dezembro de 2006, o número era
de 401.236. Proporcionalmente, a diferença entre homens e
mulheres praticamente não variou: Em 2002, 95,7% dos presos eram homens, enquanto
em 2006, eram 94,25%.
Os números, porém, podem
não representar a realidade, segundo a Secretaria Nacional de
Segurança Pública. Os dados
são fornecidos pelos Estados e
não existe uma metodologia
padrão para a contabilidade.
Também não se pode ter certeza da atualização dos dados.
A pesquisa começou a ser feita em 2000 e o crescimento até
2002 foi constante, mas o salto
se deu a partir de 2003.
Segundo o diretor do Depen,
Maurício Kuehne, o aumento
pode ser visto de uma forma
positiva. "É sinal de que o sistema judiciário funciona", disse.
Ele explica, entretanto, que o
crescimento é "uma tendência
já notada desde o início da década de 90". Isso ocorre, de
acordo com Kuehne, porque o
número de pessoas no sistema
presidiário é maior do que o
número de detentos que saem.
"Registramos uma média de
3.000 excedentes a cada mês."
Atualmente, em decorrência
desse fluxo desproporcional, o
sistema penitenciário abriga
103.433 presos a mais do que
pode suportar. Além disso, de
acordo com a Secretaria Nacional de Segurança Pública, cerca
de 550 mil mandados de prisão
não são cumpridos.
Para o ministro da Justiça,
Tarso Genro, esse é um "déficit
histórico da segurança pública". Ele diz que os mandados
deveriam "ser cumpridos pelas
policias estaduais, por ordem
das justiças estaduais".
Entram no levantamento o
número de presos que cumprem regime fechado, semi-aberto e aberto, além dos que
estão internados, em tratamento ou presos em delegacias.
Segundo os dados de 2006,
cerca de 36% (144.423) da população carcerária brasileira se
encontra no Estado de São Paulo, sendo 93,25% (134.689) formada de homens e apenas
6,75% (9.734) de mulheres.
Apesar de serem minoria no
Estado, elas representam cerca
de 42% de todas as mulheres
presas no país. Em alguns regimes o número é maior: entre as
mulheres que cumprem regime
fechado, por exemplo, 57,9%
estão em São Paulo.
Quanto aos homens, 35,6%
(134.689) estão no Estado. Assim como as mulheres, eles são
a maioria nos regimes fechado
e semi-aberto no país: 43,75% e
38%, respectivamente.
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