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Reforma de mezanino provoca divergência
Excesso de mesa dos bares danificou o piso de vidro
DE SÃO PAULO
Sete anos depois da reforma que consumiu R$ 50 milhões, o mezanino do Mercadão de São Paulo causa divergência entre a prefeitura,
donos de restaurantes e os
projetistas da obra.
O mau uso, dizem os arquitetos, fez estilhaçar o piso de
vidro dos corredores, que
servia para disciplinar a área
ocupada pelos clientes.
Com a grande procura, os
restaurantes avançaram as
mesas e cadeiras -muitas
com base de ferro -sobre o
passeio de vidro. Em dois
tempos, a estrutura rachou
com o peso e com a queda de
talheres e outros utensílios.
Alguns comerciantes agora querem que todo o piso seja coberto por madeira, material usado no salão. A medida, defendida pela prefeitura
e pela administração do mercado, é criticada pelos arquitetos autores da reforma.
De um lado, os projetistas
dizem que o vidro foi usado
de modo a respeitar o projeto
original de Ramos de Azevedo. Sobre os boxes foram feitos os salões. E o vidro foi
usado de modo a permitir
que a luz natural iluminasse
os corredores abaixo.
Do outro, a prefeitura diz
que a ideia não deu certo porque o vidro, de várias camadas, é fosco e lâmpadas têm
de ser usadas, mesmo de dia.
"Retirar o vidro é uma confissão da incapacidade de gerir um prédio como aquele",
diz o arquiteto Pedro de Melo
Saraiva, um dos projetistas.
"As placas de vidro trincam com facilidade. A ideia
ficou comprometida no dia a
dia operacional", afirma a
prefeitura em nota.
De improviso, os comerciantes cobriram as 50 placas
de vidro rachadas com grama sintética, tapetes de borracha e até placas de ferro.
"Isso aqui está muito feio.
Como o prédio é tombado, é
difícil fazer a troca. As pessoas têm medo de pisar no vidro estilhaçado, acham que
vão cair", diz Horácio Gabriel, dono do bar Hocca.
"Os permissionários estão
pensando em dinheiro e não
na preservação do mercado.
Tem de deixar o vidro", diz
Sidnei Nogueira, dono do
Brasileirinho e do Japa Loko.
Os arquitetos apontam
ainda outros problemas que,
segundo eles, podem degradar o Mercadão, como o uso
das docas de descarga como
estacionamento e a ociosidade das quatros torres, que pelo projeto da reforma deveriam ser ocupadas por restaurantes de alto padrão.
"Tenho medo de passar
por esses vidros estilhaçados. Quem estiver de sandália pode cortar os pés", diz a
designer Ana Lúcia Valença.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)
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