São Paulo, domingo, 27 de março de 2011

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Reforma de mezanino provoca divergência

Excesso de mesa dos bares danificou o piso de vidro

DE SÃO PAULO

Sete anos depois da reforma que consumiu R$ 50 milhões, o mezanino do Mercadão de São Paulo causa divergência entre a prefeitura, donos de restaurantes e os projetistas da obra.
O mau uso, dizem os arquitetos, fez estilhaçar o piso de vidro dos corredores, que servia para disciplinar a área ocupada pelos clientes.
Com a grande procura, os restaurantes avançaram as mesas e cadeiras -muitas com base de ferro -sobre o passeio de vidro. Em dois tempos, a estrutura rachou com o peso e com a queda de talheres e outros utensílios.
Alguns comerciantes agora querem que todo o piso seja coberto por madeira, material usado no salão. A medida, defendida pela prefeitura e pela administração do mercado, é criticada pelos arquitetos autores da reforma.
De um lado, os projetistas dizem que o vidro foi usado de modo a respeitar o projeto original de Ramos de Azevedo. Sobre os boxes foram feitos os salões. E o vidro foi usado de modo a permitir que a luz natural iluminasse os corredores abaixo.
Do outro, a prefeitura diz que a ideia não deu certo porque o vidro, de várias camadas, é fosco e lâmpadas têm de ser usadas, mesmo de dia.
"Retirar o vidro é uma confissão da incapacidade de gerir um prédio como aquele", diz o arquiteto Pedro de Melo Saraiva, um dos projetistas.
"As placas de vidro trincam com facilidade. A ideia ficou comprometida no dia a dia operacional", afirma a prefeitura em nota.
De improviso, os comerciantes cobriram as 50 placas de vidro rachadas com grama sintética, tapetes de borracha e até placas de ferro.
"Isso aqui está muito feio. Como o prédio é tombado, é difícil fazer a troca. As pessoas têm medo de pisar no vidro estilhaçado, acham que vão cair", diz Horácio Gabriel, dono do bar Hocca.
"Os permissionários estão pensando em dinheiro e não na preservação do mercado. Tem de deixar o vidro", diz Sidnei Nogueira, dono do Brasileirinho e do Japa Loko.
Os arquitetos apontam ainda outros problemas que, segundo eles, podem degradar o Mercadão, como o uso das docas de descarga como estacionamento e a ociosidade das quatros torres, que pelo projeto da reforma deveriam ser ocupadas por restaurantes de alto padrão.
"Tenho medo de passar por esses vidros estilhaçados. Quem estiver de sandália pode cortar os pés", diz a designer Ana Lúcia Valença.
(VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO)


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