|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Preso carcereiro do caso do 42º DP
CRISPIM ALVES
da Reportagem Local
O carcereiro José Ribeiro, condenado a 45 anos de prisão pela
morte de 18 detentos por asfixia
em uma cela sem ventilação no 42º
DP (Parque São Lucas, zona sudeste de São Paulo), em 89, foi
preso pela corregedoria e está
cumprindo a pena no Presídio Especial da Polícia Civil.
Por uma falha judicial, Ribeiro,
que já deveria estar cumprindo
pena desde o final de 97, só foi preso em 19 de fevereiro, quando trabalhava no 91º DP (Vila Leopoldina). Por um outro problema de
comunicação, o Ministério Público só tomou conhecimento da prisão do carcereiro ontem.
A morte dos presos ocorreu em 5
de fevereiro de 89, um domingo de
Carnaval. Após uma tentativa de
fuga, os presos do 42º DP se rebelaram. O motim foi controlado,
mas, como castigo, 50 detentos foram espancados e colocados pelos
policiais em uma cela-forte de um
metro e meio de largura por três
de comprimento.
O cubículo não tinha ventilação.
Após deixarem os presos por cerca
de uma hora na cela, os policiais
abriram a porta de ferro. Nove detentos já estavam mortos por asfixia e outros nove morreram em
seguida.
Após as investigações, o Ministério Público considerou três policiais como os responsáveis pelas
mortes. Além de Ribeiro, foram
denunciados o investigador Celso
José da Cruz e o delegado Carlos
Eduardo Vasconcelos.
Vasconcelos foi absolvido em
94, mas o Ministério Público recorreu e foi determinada a realização de novo julgamento. A defesa
aguarda recursos impetrados nas
esferas federais. Cruz, que também já foi condenado, aguarda
novo julgamento.
Sempre em liberdade, Ribeiro
foi julgado e condenado duas vezes a 45 anos de prisão. O advogado do carcereiro, Oswaldo Ianni,
recorreu da sentença no TJ (Tribunal de Justiça). No dia 13 de
março de 97, o TJ manteve a condenação. O acórdão da sentença
foi publicado no dia 23 de junho.
Como a defesa não recorreu, o
processo transitou em julgado
(quando não cabe mais recurso,
tornando a sentença definitiva) no
início de novembro de 97. No entanto, por uma falha, não foi expedido o mandado de prisão, segundo o promotor Antônio Carlos da
Ponte, que acompanha o caso.
O Ministério Público descobriu
a falha no início deste ano e requisitou a expedição de um mandado
de prisão, concedido no dia 30 de
janeiro pelo juiz Claudio Emanuel, do 1º Tribunal do Júri.
A prisão de Ribeiro aconteceu
no dia 19 de fevereiro, mas só ontem, após ser informado pela Folha, Ponte tomou conhecimento
do fato. "Achava que ia ser difícil
isso acontecer. As chances de ele
sumir eram grandes."
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|