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AMBIENTE
Plantas modificadas crescem rápido nos lixões
Natureza pode retornar a aterros de lixo desativados, afirma estudo
DA SUCURSAL DO RIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Um aterro sanitário pode, sim,
virar uma área de lazer e esportes
ou um parque com árvores de
grande porte. Tudo isso sem trazer riscos ao ambiente ou à saúde
humana. Também é possível cultivar plantas alimentícias em
áreas onde se depositava lixo.
Essas são algumas conclusões
de uma dissertação de mestrado
defendida na Coppe (Coordenação dos Programas de Pós-Graduação em Engenharia da UFRJ).
O estudo, de autoria do engenheiro agrônomo Júlio César da
Matta, foi desenvolvido com base
em uma experiência realizada no
antigo aterro sanitário de Santo
Amaro (zona sul), fechado em 95.
Em seus 19 anos de existência, o
aterro acumulou mais de 16,2 milhões de toneladas de lixo, formando um monte de 115 metros
de altura em um terreno de 300
mil metros quadrados.
Nesse ambiente aparentemente
inóspito, foram plantadas cerca
de 2.400 mudas de 24 espécies
-parte delas nativas da mata
atlântica originária da região.
Para aumentar as chances de
sobrevivência dos vegetais, microorganismos (bactérias e fungos) foram inoculados nas mudas. Cerca de 80% delas germinaram normalmente.
Os metais pesados (chumbo,
zinco, cromo, cádmio, selênio e
outros) contidos no chorume
-líquido tóxico que escorre do
lixo acumulado- não foram absorvidos pelas raízes das plantas
em quantidades significativas. Alguns desses metais podem causar
câncer e doenças neurológicas.
Com o crescimento da vegetação experimental em Santo Amaro, novos moradores surgiram no
aterro, como cobras, gaviões, sabiás, preás e lagartos.
Aplicações práticas do experimento podem surgir em breve.
Segundo o engenheiro da Enterpa
(empresa terceirizada para administrar o aterro) Denis Augusto
Afonso, a companhia deve aplicar
os resultados da pesquisa em outros depósitos em manutenção.
Parques nos aterros
Na capital paulista, uma lei determina que todos os aterros sejam transformados em parques a partir de 5 a 10 anos após a desativação do local. Depois disso, a
responsabilidade passa à Secretaria Municipal do Meio Ambiente.
Esse período entre o fim do
aterro e o surgimento de espaços
verdes é chamado de "tempo de
manutenção". Nele, o Limpurb
(Departamento de Limpeza Urbana) drena as substâncias tóxicas provenientes dos detritos.
A drenagem é realizada através
de valas que escoam o chorume e
de tubos verticais enterrados no
chão para liberar os gases.
O tratamento do chorume é a
principal dificuldade da prefeitura nos aterros. Sem dispor de tecnologia eficaz pra tratá-lo no local, a Secretaria de Serviços e
Obras transporta o chorume a estações de tratamento da Sabesp,
onde ele é diluído no esgoto.
Estima-se que o país produza
cerca de 70 mil toneladas de lixo
por dia. Segundo o IBGE, no Brasil inteiro cerca de dois terços dos
resíduos recebem tratamento tido
como adequado.
(PEDRO SOARES E RENATO ESSENFELDER)
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