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São Paulo, domingo, 27 de abril de 2003

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SEGURANÇA

Grupo teria escalado muro do Centro de Detenção Provisória; um detento foi morto em tiroteio com agentes

11 presos são resgatados em Santo André

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela segunda vez em quatro dias, presos de cadeias da Grande São Paulo foram resgatados por quadrilhas. Ontem, em uma ação inusitada e ainda não-esclarecida, criminosos teriam escalado um dos muros do CDP (Centro de Detenção Provisória) de Santo André e rendido três guardas de muralhas.
Na operação, 11 detentos conseguiram fugir e um morreu. Os guardas de muralha substituíram a Polícia Militar há apenas 30 dias. O incidente coloca sob suspeita o preparo dos novos guardas. O governo estadual resolveu retirar os PMs de presídios para aumentar o policiamento na rua.
Os foragidos estavam na mesma cela. A polícia ainda não sabe o alvo do resgate. Ricardo Anaia, 31, preso por tráfico, foi morto no tiroteio com agentes. Nenhum detento tinha sido recapturado até a conclusão desta edição.
A fuga aconteceu por volta das 2h de ontem. Um agente disse que foi rendido quando estava na muralha. Ele não soube dizer como o bandido conseguiu escalar o muro de seis metros de altura sem ser visto. Segundo o agente, outros homens do lado de fora começaram a jogar "teresas" (cordas improvisadas com panos), que foram usadas para entrar no pátio. Com um alicate, os homens chegaram à cela 5 da ala C.
Os presos ainda tiveram tempo de usar as "teresas" para escalar o muro e fugir para uma favela próxima. Outros agentes viram a fuga e começaram a atirar.
A ação durou menos de 30 minutos. Anaia já tinha conseguido escalar o muro quando foi atingido. A quadrilha deixou um fuzil durante a fuga.
"É muito estranho os bandidos escalarem a muralha com armas e não serem vistos. Isso será investigado no inquérito", afirmou Luiz José Polastre, delegado plantonista do 4º DP de Santo André.
Um guarda disse que os funcionários estão responsáveis pela guarda da muralha há um mês. Ele afirmou que não estava preparado para o serviço e que o armamento que usava não era o mesmo empregado no treinamento. Os agentes portavam revólver 38 e espingarda calibre 12.
A assessoria da Secretaria da Administração Penitenciária informou ontem que uma sindicância será instaurada para esclarecer o caso, inclusive para investigar possível conivência ou despreparo dos guardas.
Na noite da última quarta-feira, uma quadrilha usou uma bomba para explodir uma parede da cadeia pública de Diadema, também na Grande São Paulo. Quinze presos fugiram e três morreram no tiroteio. Pelo menos dois dos fugitivos são ligados à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).


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