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HABITAÇÃO
Na zona sul, sem-teto deixam terreno invadido
Família que vivia em Fusca passa primeira noite em hotel ocupado
DO "AGORA"
"Dormimos numa lona e num
cobertor, mas parecia colchão de
verdade. Foi até difícil acordar."
Foi assim, com um sorriso no rosto, que Silvana Santos, 39, descreveu a primeira noite que passou
com sua família no hotel Statu's,
no Canindé, que foi ocupado anteontem por 90 famílias na zona
norte da capital paulista.
O imóvel estava abandonado
havia três anos. Até a invasão, Silvana, o marido, Douglas dos Santos, 39, as três filhas e a poodle
Meg dormiam em um Fusca 1966.
O carro foi a moradia da família
nos últimos seis meses. "Era muito ruim. Não dava para se esticar e
a gente morria de medo de assalto. Agora, estamos no conforto.
Olha que chique: nosso quarto
tem até espelho", disse ela.
O quarto "chique" tem cerca de
10 m2. Não há luz ou água. "Mas
está ótimo. A Aline (filha de 11
anos do casal) estava até com problema de circulação por dormir
no Fusca", disse Santos.
A família, porém, ainda não está
tranqüila. Ontem, dois PMs foram ao local. Segundo eles, os policiais disseram que foram obrigados a ir lá devido a uma denúncia
da vizinhança, mas que não poderiam fazer nada sem ordem judicial. "Senti até um frio na barriga.
Se eles tirarem a gente, entramos
no Fusca e caímos na estrada."
Os cerca de 500 sem-teto que invadiram um terreno da CDHU
(Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no Jardim São Luís (zona sul), na madrugada do dia 19 deste mês, foram retirados da área pela PM às
6h de ontem. Não houve conflito.
O terreno fora invadido em uma
ação simultânea de sete tentativas
de ocupação.
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