São Paulo, terça-feira, 27 de abril de 2004

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HABITAÇÃO

Na zona sul, sem-teto deixam terreno invadido

Família que vivia em Fusca passa primeira noite em hotel ocupado

DO "AGORA"

"Dormimos numa lona e num cobertor, mas parecia colchão de verdade. Foi até difícil acordar." Foi assim, com um sorriso no rosto, que Silvana Santos, 39, descreveu a primeira noite que passou com sua família no hotel Statu's, no Canindé, que foi ocupado anteontem por 90 famílias na zona norte da capital paulista.
O imóvel estava abandonado havia três anos. Até a invasão, Silvana, o marido, Douglas dos Santos, 39, as três filhas e a poodle Meg dormiam em um Fusca 1966.
O carro foi a moradia da família nos últimos seis meses. "Era muito ruim. Não dava para se esticar e a gente morria de medo de assalto. Agora, estamos no conforto. Olha que chique: nosso quarto tem até espelho", disse ela.
O quarto "chique" tem cerca de 10 m2. Não há luz ou água. "Mas está ótimo. A Aline (filha de 11 anos do casal) estava até com problema de circulação por dormir no Fusca", disse Santos.
A família, porém, ainda não está tranqüila. Ontem, dois PMs foram ao local. Segundo eles, os policiais disseram que foram obrigados a ir lá devido a uma denúncia da vizinhança, mas que não poderiam fazer nada sem ordem judicial. "Senti até um frio na barriga. Se eles tirarem a gente, entramos no Fusca e caímos na estrada."
Os cerca de 500 sem-teto que invadiram um terreno da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) no Jardim São Luís (zona sul), na madrugada do dia 19 deste mês, foram retirados da área pela PM às 6h de ontem. Não houve conflito. O terreno fora invadido em uma ação simultânea de sete tentativas de ocupação.


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