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HABITAÇÃO
A cinco meses da eleição, governo deve beneficiar 800 mil famílias de baixa renda, principalmente moradores de favelas
Lula acelera legalização de áreas invadidas
EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A cinco meses das eleições, o Palácio do Planalto prepara o anúncio de medidas para, num curto
prazo, agilizar o processo para dar
a titularidade de posse a moradores de áreas públicas invadidas ou
irregulares. A medida, uma das
promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
deve beneficiar cerca de 800 mil
famílias, principalmente moradores de favelas das maiores regiões
metropolitanas do país.
Segundo o Ministério das Cidades, o governo federal deve editar
nos próximos dias uma medida
provisória para diminuir a burocracia nesse processo de regularização. Hoje, segundo a pasta, os
processos, caso sejam travados na
Justiça, podem levar meses ou até
anos para serem finalizados.
A medida provisória, segundo a
Folha apurou, deve sugerir mudanças na legislação para a regularização de terras da União e
também a isenção de algumas taxas às famílias interessadas na legalização das áreas que ocupam
há anos, como habitantes de favelas, loteamentos e conjuntos habitacionais irregulares.
Para fazer parte do programa,
as famílias devem ter uma renda
mensal inferior a cinco salários
mínimos (R$ 1.750) e ocuparem
áreas com água tratada e energia
elétrica nas imediações.
Desde o início do governo,
213.542 títulos de posse já foram
concedidos a famílias apoiadas
pelo programa de regularização
fundiária do Ministério das Cidades. Outros 817.527 processos, de
um total de 1.031.069, estão ainda
em andamento, muitos parados
por conta dessas alegadas burocracias. A maioria dos processos,
diz o ministério, é tocada de forma coletiva. Hoje, em média, há
um único processo para cada grupo de cerca de 800 famílias que vivem numa mesma área.
O programa leva o nome de Papel Passado e vale para a regularização de áreas públicas e privadas. Neste ano, tem cerca de R$ 15
milhões disponíveis no orçamento da pasta. Com a mudança de legislação e a conseqüente diminuição nos prazos de tramitação dos
processos, a pasta avalia que os
custos com o programa vão diminuir no médio e longo prazos.
A medida provisória coincide
com a decisão de movimentos de
sem-teto de intensificar, a partir
de domingo, invasões como forma de pressionar por mais verba
para a habitação.
Ontem, um prédio no Horto
Florestal, em área do Estado, foi
invadido. Segundo a UNMP
(União Nacional por Moradia Popular), o prédio continuará ocupado indefinidamente.
O programa Papel Passado dá
apoio técnico, jurídico e financeiro às famílias em processo de regularização. A base da medida
provisória será mudanças na lei
9.636, de 1998, que trata de regularização, administração e alienação de bens imóveis da União.
Embora fosse uma das promessas de Lula, membros do governo
dizem reservadamente que a demora foi em decorrência do mapeamento das áreas e dos entraves burocráticos do processo.
Em princípio, o governo quer
agilizar a titulação de famílias que
ocupam áreas da União (40% do
total), como terrenos do INSS e da
Rede Ferroviária Federal. As regularizações de áreas privadas são
as mais complicadas, pois exigem
um levantamento topográfico e a
localização de eventuais documentos dos proprietários.
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