São Paulo, quinta-feira, 27 de abril de 2006

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HABITAÇÃO

A cinco meses da eleição, governo deve beneficiar 800 mil famílias de baixa renda, principalmente moradores de favelas

Lula acelera legalização de áreas invadidas

EDUARDO SCOLESE
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cinco meses das eleições, o Palácio do Planalto prepara o anúncio de medidas para, num curto prazo, agilizar o processo para dar a titularidade de posse a moradores de áreas públicas invadidas ou irregulares. A medida, uma das promessas de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, deve beneficiar cerca de 800 mil famílias, principalmente moradores de favelas das maiores regiões metropolitanas do país.
Segundo o Ministério das Cidades, o governo federal deve editar nos próximos dias uma medida provisória para diminuir a burocracia nesse processo de regularização. Hoje, segundo a pasta, os processos, caso sejam travados na Justiça, podem levar meses ou até anos para serem finalizados.
A medida provisória, segundo a Folha apurou, deve sugerir mudanças na legislação para a regularização de terras da União e também a isenção de algumas taxas às famílias interessadas na legalização das áreas que ocupam há anos, como habitantes de favelas, loteamentos e conjuntos habitacionais irregulares.
Para fazer parte do programa, as famílias devem ter uma renda mensal inferior a cinco salários mínimos (R$ 1.750) e ocuparem áreas com água tratada e energia elétrica nas imediações.
Desde o início do governo, 213.542 títulos de posse já foram concedidos a famílias apoiadas pelo programa de regularização fundiária do Ministério das Cidades. Outros 817.527 processos, de um total de 1.031.069, estão ainda em andamento, muitos parados por conta dessas alegadas burocracias. A maioria dos processos, diz o ministério, é tocada de forma coletiva. Hoje, em média, há um único processo para cada grupo de cerca de 800 famílias que vivem numa mesma área.
O programa leva o nome de Papel Passado e vale para a regularização de áreas públicas e privadas. Neste ano, tem cerca de R$ 15 milhões disponíveis no orçamento da pasta. Com a mudança de legislação e a conseqüente diminuição nos prazos de tramitação dos processos, a pasta avalia que os custos com o programa vão diminuir no médio e longo prazos.
A medida provisória coincide com a decisão de movimentos de sem-teto de intensificar, a partir de domingo, invasões como forma de pressionar por mais verba para a habitação.
Ontem, um prédio no Horto Florestal, em área do Estado, foi invadido. Segundo a UNMP (União Nacional por Moradia Popular), o prédio continuará ocupado indefinidamente.
O programa Papel Passado dá apoio técnico, jurídico e financeiro às famílias em processo de regularização. A base da medida provisória será mudanças na lei 9.636, de 1998, que trata de regularização, administração e alienação de bens imóveis da União.
Embora fosse uma das promessas de Lula, membros do governo dizem reservadamente que a demora foi em decorrência do mapeamento das áreas e dos entraves burocráticos do processo.
Em princípio, o governo quer agilizar a titulação de famílias que ocupam áreas da União (40% do total), como terrenos do INSS e da Rede Ferroviária Federal. As regularizações de áreas privadas são as mais complicadas, pois exigem um levantamento topográfico e a localização de eventuais documentos dos proprietários.


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