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Derrotada, base aliada tenta atrasar votação
Estratégia dos governistas é apresentar emendas à proposta da redução da maioridade penal para forçar a volta do texto à CCJ
Base do governo votou majoritariamente contra a proposta, mas os partidos não fecharam questão
e liberaram o voto
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os líderes da base de sustentação do governo minimizaram
a derrota sofrida ontem na CCJ
(Comissão de Constituição e
Justiça) do Senado e disseram
que vão trabalhar pela derrubada da proposta de redução da
maioridade penal ao longo de
sua tramitação no Congresso.
"O governo tem uma posição
clara contra a redução da maioridade penal, mas essa é uma
questão de foro íntimo. Ainda
tem uma longa tramitação, vamos apresentar emendas e ainda haverá muito debate. Vamos
atuar no sentido de barrar o
máximo possível o encaminhamento dessa questão", disse o
líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR).
Por meio da assessoria de imprensa, o ministro da Justiça,
Tarso Genro, informou, logo
após a votação, que "o projeto
foi bem defendido pelos nossos
senadores e agora aguardamos
a continuação dos debates, que
ainda passam pelo plenário".
Sem segurança de que terá
maioria em plenário, a base
aliada pretende apresentar sugestões de alteração do texto
para forçar a volta da proposta
para a CCJ, atrasando assim
sua tramitação.
"Vamos continuar na batalha. Essa foi só uma", disse a senadora Patrícia Saboya (PSB-CE), que chorou quando a proposta foi aprovada. Ela é presidente da Frente Parlamentar
de Defesa dos Direitos da
Criança e do Adolescente.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) também minimizou
a derrota afirmando que a tramitação da matéria está só no
começo. "Isso é uma irresponsabilidade e não vai resolver o
problema da criminalidade no
Brasil. Pelo contrário, vamos tirar a chance de ressocialização
do adolescente", disse ele.
O debate durou cerca de quatro horas e o quórum estava alto para uma quinta-feira, em
uma sessão extraordinária
marcada de véspera.
Perda de confiança
A confiança do governo foi
diminuindo ao longo da sessão.
No início da manhã os senadores da base aliada achavam que
derrubariam a proposta por 11
votos a 9.
Depois do debate, eles já estavam cientes da derrota, mas
achavam que haveria empate
de 11 a 11. Nesse caso a questão
seria decidida pelo presidente
da CCJ, senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA, ex-PFL), que é a favor da redução
da maioridade penal. No final o
placar foi 12 a 10.
Apesar de a base de sustentação do governo ter votado majoritariamente contra a proposta e a oposição, a favor, os
partidos não fecharam questão
e liberaram o voto de suas bancadas por considerar que esse é
um assunto de foro íntimo.
Esgotados os argumentos, o
governo conseguiu pelo menos
convencer o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) a se
ausentar da sessão, já que ele
votaria a favor da redução da
maioridade penal.
O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) chegou a apelar para
a vida pessoal do senador Magno Malta (PR-ES), que estava
presente. "Se isso estivesse em
vigor provavelmente o senador
Magno Malta não estaria aqui
hoje", disse ele. Malta foi viciado em drogas na adolescência e
era de uma família pobre.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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