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CNBB e OAB fazem críticas à redução da maioridade
Para entidades, medida não vai ajudar a reduzir a ocorrência de crimes no país
Governador de São Paulo
defende proposta que
prevê maior tempo de
internação para jovens que
praticam crimes violentos
DANIELA TÓFOLI
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
VINICIUS ABBATE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) defende a retirada imediata da proposta que reduz a maioridade
penal no Brasil.
Em texto assinado pelas pastorais e por dom Aldo Di Cillo
Pagotto, presidente da Comissão Episcopal para o Serviço da
Caridade, da Justiça e da Paz da
CNBB, a entidade diz ser contra a proposta e sugere "um amplo debate não apenas com os
parlamentares mas com todas
as forças vivas da sociedade".
Para a CNBB, a medida "poderá contribuir, sobretudo para
o agravamento da criminalidade" [caso jovens acabem, na
prática, indo para prisões de
maiores de 18 anos].
O arcebispo de São Paulo, d.
Odilo Pedro Scherer, disse que
"em princípio não é favorável à
redução da maioridade penal".
"Não parece ser a solução para
resolver a violência. A maioria
dos crimes é cometida por
adultos, e abaixar a maioridade
em dois anos vai atingir um número muito pequeno de pessoas", afirmou ele.
"A CNBB é a favor de medidas socioeducativas de duração, pela prevenção e acompanhamento dos adolescentes,
para que se possa prever o movimento dos menores e desestimulá-los à participação em crimes", afirmou.
A OAB-SP também é contra a
medida. Ricardo Cabezon, da
Comissão dos Direitos da
Criança e do Adolescente da
entidade, diz que o projeto será
inócuo. "Vejo com pesar. Isso
não resolve a violência."
Internação mais longa
Já o governador José Serra
(PSDB-SP) defende proposta
que prevê a possibilidade de
maior tempo de internação para jovens que cometam crimes
graves, alterando os prazos previstos no ECA [de 3 anos para
até 8 (primários) e para até 10
anos (reincidentes)].
"Tem que ser melhor analisada se é ou não constitucional
[a proposta de redução da
maioridade penal], mas eu sei
que é muito controvertida e
contribuiria menos para resolver os problemas do que uma
proposta semelhante à nossa."
Carlos Ayres Britto, ministro
do Supremo Tribunal Federal,
acredita que a medida não reduzirá a criminalidade.
"As pessoas maiores de 16
anos e menores de 18 anos precisam é de oportunidade de trabalho, de estágio profissionalizante, num contexto social de
verdadeira inclusão", afirmou
Britto.
Para ele, o diagnóstico sobre
a redução da criminalidade
passa "pela necessidade, urgente, de distribuição de renda, de
oportunidade de emprego e de
educação".
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