São Paulo, sexta-feira, 27 de abril de 2007

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Após 56 horas, mãe e filhos são libertados

Não houve feridos durante invasão da casa pela polícia em Campinas; assaltante que rendeu a família na terça-feira foi preso

O desfecho do caso ocorreu por volta das 20h de ontem; segundo a polícia, esse foi o mais longo caso de cárcere privado da história de SP

Antônio Gaudério/Folha Imagem
Mullher que ajudou na negociação com criminoso deixa casa onde foram mantidos reféns em Campinas


MAURÍCIO SIMIONATO
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS

Após 56 horas de tensão, o assaltante Gleivison Flávio de Sales, 23, que havia feito três crianças e a mãe delas reféns na terça-feira em Campinas (95 km de São Paulo), foi preso pela polícia, que também libertou as vítimas. Uma hora antes, Sales havia liberado uma das crianças, Vitor, 10. Um dos irmãos já havia sido solto na terça-feira.
De acordo com a polícia, esse foi o mais longo caso de cárcere privado da história do Estado.
Após o fim do seqüestro, o outro filho, Tiago, 7, correu para abraçar o pai, fez um sinal de positivo e acenou à multidão. A mãe, Mara Souza, 29, só perguntava sobre o filho menor, Murilo, 3, liberado em troca de um colete à prova de balas.
A polícia libertou os reféns por volta das 20h. Mãe e filho foram levados ao hospital Mário Gatti. Vitor já havia sido atendido no local. "Estou chocada. Agora, só quero abraçar meus filhos", disse Mara, ao chegar ao hospital. Ela tomou remédios contra hipertensão.
A mãe e os filhos mais velhos foram atendidos por psiquiatras, receberam soro e comeram sanduíches. Tiveram alta por volta das 21h45 e seguiram para a casa da avó, à frente de onde foram feitos reféns.
O desfecho do caso ocorreu às 19h50, quando o assaltante atirou contra a porta. O Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, invadiu a casa e libertou os reféns. Sales, segundo a PM, estava debaixo da cama, após escorregar e bater a cabeça. Ele saiu com um olho roxo do local.
Segundo o coronel Eliazário Ferreira Barbosa, ao ser libertado, Vitor disse que o "homem [Sales] não era mau" e que libertaria o irmão e a mãe.
A polícia afirmou que, com a chegada do terceiro dia de seqüestro, o criminoso se cansou e desistiu dos pedidos feitos anteriormente, como um carro e extintores de incêndio.

Amiga
Além do cansaço, a presença de uma mulher próxima a Sales nas negociações foi crucial para que os reféns saíssem ilesos. Gislaine Cristina Domingos, 27, é prima da namorada de Sales e amiga pessoal dele. "Ela caiu do céu", disse o coronel, que disse que ela passou meia hora falando com Sales.
Samara Marques da Silva, 18, que se diz namorada de Sales, acompanhou a prisão dele.
O secretário da Segurança Pública, Ronaldo Marzagão, apareceu no local uma hora após o desfecho do caso. "Eu só vim para cumprimentar os policiais pelo serviço."
A polícia só identificou o criminoso à tarde. Nos dois primeiros dias, Sales chegou a ser chamado de Felipe e Ivanildo.
Ele estava foragido da Justiça desde outubro de 2005. É fugitivo do Complexo Penitenciário de Hortolândia (SP). Foi condenado por um homicídio e três tentativas de homicídio. Sales invadiu a casa na terça-feira após furtar um videogame em uma lan house no bairro. O parceiro que o acompanhava conseguiu fugir e até ontem ainda não havia sido localizado.
Ao fugirem a pé, os dois foram surpreendidos por um policial à paisana. Houve troca de tiros, e o assaltante pulou muros até chegar à casa da família.
Até a conclusão da edição, a reportagem não havia conseguido falar com Sales nem saber se ele já tinha um advogado.


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