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Após 56 horas, mãe e filhos são libertados
Não houve feridos durante invasão da casa pela polícia em Campinas; assaltante que rendeu a família na terça-feira foi preso
O desfecho do caso ocorreu por volta das 20h de ontem; segundo a polícia, esse foi o mais longo caso de cárcere privado da história de SP
Antônio Gaudério/Folha Imagem
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Mullher que ajudou na negociação com criminoso deixa casa onde foram mantidos reféns em Campinas |
MAURÍCIO SIMIONATO
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPINAS
Após 56 horas de tensão, o
assaltante Gleivison Flávio de
Sales, 23, que havia feito três
crianças e a mãe delas reféns na
terça-feira em Campinas (95
km de São Paulo), foi preso pela
polícia, que também libertou as
vítimas. Uma hora antes, Sales
havia liberado uma das crianças, Vitor, 10. Um dos irmãos já
havia sido solto na terça-feira.
De acordo com a polícia, esse
foi o mais longo caso de cárcere
privado da história do Estado.
Após o fim do seqüestro, o
outro filho, Tiago, 7, correu para abraçar o pai, fez um sinal de
positivo e acenou à multidão. A
mãe, Mara Souza, 29, só perguntava sobre o filho menor,
Murilo, 3, liberado em troca de
um colete à prova de balas.
A polícia libertou os reféns
por volta das 20h. Mãe e filho
foram levados ao hospital Mário Gatti. Vitor já havia sido
atendido no local. "Estou chocada. Agora, só quero abraçar
meus filhos", disse Mara, ao
chegar ao hospital. Ela tomou
remédios contra hipertensão.
A mãe e os filhos mais velhos
foram atendidos por psiquiatras, receberam soro e comeram sanduíches. Tiveram alta
por volta das 21h45 e seguiram
para a casa da avó, à frente de
onde foram feitos reféns.
O desfecho do caso ocorreu
às 19h50, quando o assaltante
atirou contra a porta. O Gate
(Grupo de Ações Táticas Especiais), da Polícia Militar, invadiu a casa e libertou os reféns.
Sales, segundo a PM, estava debaixo da cama, após escorregar
e bater a cabeça. Ele saiu com
um olho roxo do local.
Segundo o coronel Eliazário
Ferreira Barbosa, ao ser libertado, Vitor disse que o "homem
[Sales] não era mau" e que libertaria o irmão e a mãe.
A polícia afirmou que, com a
chegada do terceiro dia de seqüestro, o criminoso se cansou
e desistiu dos pedidos feitos anteriormente, como um carro e
extintores de incêndio.
Amiga
Além do cansaço, a presença
de uma mulher próxima a Sales
nas negociações foi crucial para
que os reféns saíssem ilesos.
Gislaine Cristina Domingos,
27, é prima da namorada de Sales e amiga pessoal dele. "Ela
caiu do céu", disse o coronel,
que disse que ela passou meia
hora falando com Sales.
Samara Marques da Silva, 18,
que se diz namorada de Sales,
acompanhou a prisão dele.
O secretário da Segurança
Pública, Ronaldo Marzagão,
apareceu no local uma hora
após o desfecho do caso. "Eu só
vim para cumprimentar os policiais pelo serviço."
A polícia só identificou o criminoso à tarde. Nos dois primeiros dias, Sales chegou a ser
chamado de Felipe e Ivanildo.
Ele estava foragido da Justiça
desde outubro de 2005. É fugitivo do Complexo Penitenciário de Hortolândia (SP). Foi
condenado por um homicídio e
três tentativas de homicídio.
Sales invadiu a casa na terça-feira após furtar um videogame
em uma lan house no bairro. O
parceiro que o acompanhava
conseguiu fugir e até ontem
ainda não havia sido localizado.
Ao fugirem a pé, os dois foram surpreendidos por um policial à paisana. Houve troca de
tiros, e o assaltante pulou muros até chegar à casa da família.
Até a conclusão da edição, a
reportagem não havia conseguido falar com Sales nem saber se ele já tinha um advogado.
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