|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
E-mail com texto antigay deve ter sigilo quebrado
Pedido está em estudo na Polícia Civil; USP abre sindicância para apurar o caso
Governo de São Paulo emite nota condenando o texto homofóbico que circulou na sexta-feira passada e pede investigação à Promotoria
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Civil deve pedir a
quebra do sigilo do e-mail utilizado para distribuir a estudantes da USP o jornalzinho apócrifo "O Parasita", que trouxe
na sexta texto que incitava violência contra homossexuais.
A investigação policial é uma
das quatro que foram iniciadas
para tentar identificar os responsáveis pela publicação.
De acordo com Maíra Diniz,
que coordenada um núcleo de
combate à discriminação na
Defensoria Pública, o inquérito
policial aberto ontem tem como objetivo identificar os autores do texto homofóbico.
A publicação "O Parasita",
que só circula por e-mail e que
tem periodicidade incerta,
trouxe na última edição uma
nota, supostamente escrita por
um estudante de farmácia, com
o texto: "jogue merda em um
viado" para ganhar "um convite
de luxo para a Festa Brega 2010
(promovida por estudantes)".
Além da Polícia Civil, outros
órgãos, dentro e fora da USP,
adotaram medidas. Um deles
foi a Secretaria de Estado da
Justiça e Defesa da Cidadania,
que divulgou nota de repúdio.
Um processo administrativo
foi aberto pela secretaria com
base na lei estadual 10.948/
2001, que pune a discriminação
contra homossexuais. Uma comissão vai apurar o fato.
O governo de SP informou
também ter encaminhado ofício ao Ministério Público Estadual pedindo que sejam apurados os danos à dignidade da
pessoa humana e ao respeito à
liberdade de orientação sexual.
A direção da Faculdade de
Farmácia abriu uma sindicância para apurar o caso e responsabilizar os autores do texto.
De acordo com o "O Parasita", a faculdade "vem sendo
palco de cenas totalmente
inadmissíveis". Após citar episódios de beijos e troca de carícias entre alunos homossexuais, os autores afirmam que
"se as coisas continuarem assim, nossa faculdade vai virar
uma ECA [Escola de Comunicação e Artes, da USP]".
Em 2008, um casal homossexual foi agredido após se beijar
em cima do palco de uma festa
do curso de veterinária.
O Diretório Central dos Estudantes da USP pediu ontem
em nota uma lei federal específica contra a homofobia. O DCE
diz lamentar "que estudantes,
com o argumento da "brincadeira", possam incitar violência
psicológica e física entre seus
pares".
(ANDRÉ MONTEIRO)
Texto Anterior: Frases Próximo Texto: Estudantes: DCE pede lei federal contra a homofobia Índice
|