São Paulo, segunda, 27 de abril de 1998

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Mulher morre mais que homem no Brasil

da Sucursal do Rio

As mulheres brasileiras estão morrendo mais do coração que os homens, revelam estudos de especialistas a partir de dados do Ministério da Saúde.
O cardiologista Mário Maranhão, presidente do 13º Congresso Mundial de Cardiologia, disse que 38% das mulheres brasileiras morrem de problemas cardiovasculares. Entre homens, a taxa é de 30%, enquanto, na média da população, a taxa é de 34%.
"A diferença é que a mulher é afetada pelos problemas cardíacos depois da menopausa, quando deixa de receber a proteção de seus hormônios. O homem é afetado mais cedo", disse.
Os problemas cardiovasculares são a primeira causa de mortalidade no Brasil. Há, em média, 400 mil infartos por ano, com 300 mil mortes. Pelo menos 150 mil mortes são súbitas e acontecem antes que a vítima receba socorro.
No Brasil, cerca de 44% das mortes por infarto acontecem antes dos 65 anos de idade, e 38%, antes dos 55 anos. Nos EUA, apenas 17% das mortes por infarto acontecem antes dos 65 anos.

Infarto precoce
"O brasileiro é afetado pelo infarto precocemente, e isso é péssimo. Uma pessoa de 65 anos já desenvolveu o que chamamos de circulação cardíaca colateral e resiste melhor ao infarto que uma pessoa de 30 anos", disse Maranhão.
O presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia, Rafael Leite Luna, disse que a entidade tem cobrado do Ministério da Saúde, sem sucesso, a criação de um programa de prevenção à hipertensão. A idéia é aproveitar os 70 mil agentes comunitários de saúde espalhados pelo país e utilizá-los para medir a pressão das pessoas atendidas.
"O custo seria de apenas R$ 1,6 milhão por ano, só para comprar aparelhos. O governo precisa adotar uma política para acabar com a carnificina dos problemas cardiovasculares", disse.
"Temos 15% de hipertensos, 20% de fumantes e 60% de sedentários. Pela lógica, eles serão os mais beneficiados por qualquer programa de prevenção de doenças cardiovasculares", afirmou Cláudio Gil Araújo, chefe do Serviço de Medicina do Exercício e do Esporte do hospital da UFRJ. (FE)



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