São Paulo, domingo, 27 de maio de 2001

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TRANSPORTE

Rodoviárias regulares tiveram queda de 42% no movimento desde 1990; Bresser vai fechar por falta de passageiros

SP tem 52 terminais de ônibus clandestinos

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

A expansão das atividades clandestinas fez cair 42% o movimento nas quatro rodoviárias da cidade de São Paulo. Em 2000, as empresas de ônibus intermunicipais e interestaduais transportaram 13,5 milhões de passageiros a menos do que em 1990.
Segundo um estudo preliminar da ANTP (Associação Nacional dos Transportes Públicos), já existem pelo menos 52 terminais clandestinos na capital paulista. Eles são usados por lotações e ônibus não-regulamentados que se dirigem principalmente ao Nordeste do país e ao interior e litoral do Estado de São Paulo.
"A invasão foi maior nos últimos dois anos, enquanto todo mundo só se preocupava com os perueiros municipais. Agora, ninguém consegue controlar", afirma Laurindo Junqueira, que coordena a pesquisa da ANTP.
Os paulistanos poderão notar um dos efeitos da crise do setor no final de junho. As atividades do terminal Bresser serão desativadas pelo governo estadual. As 13 empresas que transportam mais de 1 milhão de pessoas por ano a 155 municípios mineiros passarão a operar na rodoviária do Tietê. "Já estava dando prejuízo", diz José Nader, gerente de comercialização e novos negócios do Metrô, responsável pela concessão à iniciativa privada das quatro rodoviárias de São Paulo.
Desde 1990, o movimento nos terminais Tietê, Jabaquara e Bresser caiu 50%, 52% e 21%, respectivamente. Apenas Barra Funda, reformada na segunda metade da década, teve aumento de 20%.
Os terminais paulistanos estão há mais de dez anos sob administração de um consórcio liderado pela Socicam. O Metrô recebe um percentual da arrecadação das viagens, mas esses recursos representam menos de 1,5% da receita da companhia. Até por isso ainda não houve mobilização intensa para reverter a situação.
"Ninguém quer atravessar a cidade para pegar um ônibus na rodoviária se já existe um mais barato e mais perto de casa", afirma Dario Ferraz, presidente do Setpesp (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado de São Paulo).
Além dos ônibus, já existem vans que buscam os passageiros em qualquer lugar de São Paulo para deixá-los no endereço que escolherem no Nordeste do país, a um custo 30% inferior ao de um ônibus regular. Outro serviço diferenciado é oferecido nas proximidades do terminal Barra Funda, onde ônibus clandestinos fazem fila para transportar familiares de presos às penitenciárias do interior do Estado.



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