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TRÂNSITO
Para companhia, objetivo é conscientizar empreendedor de que congestionamentos podem inviabilizar negócio
Convencer empresário é nova tática da CET
ROBERTO PELLIM
DA REDAÇÃO
Diálogo com empresários, mudanças na lei, ação integrada com
outros órgãos da prefeitura.
Essas são as estratégias da CET
(Companhia de Engenharia de
Tráfego) para minimizar os impactos de novos empreendimentos de grande porte no trânsito.
O objetivo é fazer com que seja
cumprida a Certidão de Diretrizes, emitida pela CET, que indica
obras de melhoria no sistema viário que devem ser executadas por
quem constrói o empreendimento -chamado de pólo gerador.
Shoppings, escolas e universidades, prédios de escritório e comerciais e supermercados são os
principais pólos geradores.
A definição é simples: exigem
pelo menos 80 vagas de estacionamento nas áreas especiais de tráfego (AETs), boa parte delas no
centro expandido.
Hoje, existem mil projetos de
pólos geradores analisados e outros 170 em estudo. A contagem
começou em 1989 -média de 106
novos projetos por ano.
Segundo a superintendente de
gerenciamento da CET, Silvana
Zioni, as medidas visam a dinamizar o uso das vias. Sem melhorias no sistema viário na região de
um pólo gerador, diz ela, o trânsito fica caótico, atrapalhando até
mesmo o sucesso do negócio.
"Eles [empresários" precisam
reduzir o impacto negativo sobre
a cidade. É uma forma de viabilizar o negócio", diz o presidente da
CET, Francisco Macena.
Segundo Macena, a companhia
quer discutir o impacto dos pólos
geradores e obter um retorno para a cidade. "Sem uma contrapartida, o pólo acaba sucateando
uma infra-estrutura instalada,
que é de uma comunidade."
"O poder público tem por obrigação disciplinar o uso do solo,
dar as diretrizes de ocupação e
apontar que tipo de investimento
é interessante para cada região",
diz Macena. "Não se pode deixar
só o poder econômico determinar
a ocupação da cidade."
Essa mudança de postura depende de uma análise conjunta
dos pólos geradores. Silvana cita o
exemplo da avenida Luís Carlos
Berrini, na zona sul. "Você tem
uma concentração de estabelecimentos comerciais na região da
Berrini, e há oito projetos sendo
analisados para a área. Se eles forem inaugurados sem as melhorias necessárias, será inviabilizado
o acesso à avenida."
Ela critica a concentração de
uma atividade em uma região.
"Isso deve ser combatido. Cria
um tráfego localizado."
Rumo ao sudoeste
Silvana Zioni aponta um deslocamento das atividades terciárias
em um eixo sudoeste: centro, avenida Paulista, avenida Brigadeiro
Faria Lima e Berrini. "O capital
procura uma região com infra-estrutura", afirma Macena.
Além desse movimento, Silvana
vê uma outra tendência: a implantação de grandes estruturas,
como shoppings, hipermercados,
universidades etc. "Surge uma demanda inexistente em uma região
que não tem infra-estrutura para
atendê-la. É um desequilíbrio
muito mais intenso."
Para resolver o problema, a CET
quer mudar leis. As propostas estão em discussão, mas devem se
voltar para a Lei de Uso e Ocupação do Solo, a Lei de Zoneamento
e o Código de Obras da capital.
Adriana Rolim de Camargo, gerente de desenvolvimento e estudos especiais da companhia, afirma que as propostas ainda estão
sendo discutidas com outros órgãos da prefeitura. Mas já está havendo a análise conjunta de novos
pólos, diz Adriana. "Na região da
Faria Lima, por exemplo, isso está
acontecendo. Há vantagens para
os empresários: os custos das melhorias serão divididos. Normalmente, o primeiro é que acaba
sendo mais penalizado."
Mas, para o urbanista Alberto
Botti, ação integrada com órgãos
municipais e análise conjunta não
vão resolver o problema do tráfego em São Paulo. "Sem uma mudança substancial na Lei de Uso e
Ocupação do Solo, não adianta.
Se forem mudanças pontuais, é
preferível deixar a situação dos
pólos geradores como está."
Segundo Silvana, é preciso haver um sistema de transporte integrado e eficiente. "Essa rede conectaria os subcentros dos bairros. Os subcentros não serão autônomos, serão ligados ao principal pólo, o centro da cidade."
Botti contesta. "É preciso criar
condições para o morador não
sair de seu bairro." Já Adriana defende o investimento em transporte coletivo.
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